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Análise: Beyond Eyes

Beyond Eyes da desenvolvedora independente Tiger & Squid traz uma arte incrível com uma história criativa e de uma sensibilidade sem igual. Apesar de ser um jogo curto e sem muito elementos de jogabilidade, ele passa uma sensação de que você jogou algo único e que deixa uma mensagem poderosa ao final da narrativa. Muito além de um jogo, Beyond Eyes proporciona uma experiência emocional muito grande, com um forte tema social por detrás dele. Justamente por ter esse foco mais no artístico do que na jogabilidade é que Beyond Eyes se torna um jogo de nicho, agradando apenas aqueles que curtem uma experiência totalmente voltada para a narrativa.

A história fala da jornada da garotinha Rae, ela tem 10 anos de idade e perde a visão num acidente com fogos de artifício, depois de ter essa drástica mudança em sua vida, ela cria um grande vínculo com sua gata Nami, que um dia desaparece e faz Rae iniciar uma grande aventura para encontrar sua amiga felina. Nesse ponto se inicia a grande sacada do jogo, nós passamos a sentir o mundo a partir dos sentidos de uma menina cega. Como ela não possui mais a visão precisamos guiá-la através dos outros sentidos, então o mundo desabrocha ao seu redor a partir do momento que você encosta e anda pelos lugares, sente cheiros e ouve os barulhos ao seu redor. O mapa do jogo é totalmente branco e ganha vida conforme guiamos Rae pelo caminho na direção de Nami. Uma coisa bem interessante nesse aspecto é que muitas vezes os sentidos da menina lhe apresentam coisas que na verdade são outras, essa confusão que ocorre decorrente da falta de visão da menina também traz uma vertente bem interessante ao jogo.

Guiar uma criança cega que não mede esforços e não vê obstáculos para encontrar sua amiga desaparecida demonstrando coragem e um amor sem limites, traz uma carga emocional gigantesca ao jogo e é onde Beyond Eyes brilha com mais força.

A jogabilidade de Beyond Eyes é um tanto quanto arrastada, mas isso se justifica pelo fato de que você está controlando uma menina cega, então para passar mais veracidade à experiência Rae se movimenta de maneira bem lenta. O ruim disso é que você não tem muito o que fazer nos mapas além de andar com Rae por eles e essa exploração não é nada divertida pois os cenários carecem de mais elementos para a menina interagir. A desenvolvedora poderia ter colocado puzzles, mais partes do cenário para a menina interagir do que simplesmente andar para achar o caminho certo. O fato do jogo ser bem curto, e você demorar no máximo 3 horas para terminá-lo, acabou sendo uma vantagem para Beyond Eyes, pois uma duração maior poderia estragar toda a experiência poética e tornar o jogo insuportável.

Beyond Eyes possui uma direção de arte incrível uma aquarela de cores que traz uma experiência sem igual conforme você anda pelo mapa, que é inicialmente todo branco mas vai ganhando vida conforme andamos por ele. A sensibilidade dessa descoberta do mundo seja por lindas borboletas ou um cachorro raivoso é algo que foi muito bem explorado pela equipe do jogo.

Apesar de apresentar um gameplay até certo ponto monótono pela falta de elementos interativos e mais objetivos no mapa, Beyond Eyes brilha com sua arte encantadora e sua história simples, mas com uma mensagem muito forte, que nos faz pensar em muitos aspectos sociais que nos rodeiam, como as condições de locomoção das pessoas com problemas visuais. Uma experiência curta mas que consegue passar sua mensagem.

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