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Análise: We Happy Few

We Happy Few é um dos jogos que mais me deram trabalho para analisar, foram semanas jogando e testando cada aspecto para entregar o melhor que eu poderia oferecer, afinal não poderia ser injusto com o jogo e nem com o leitor. Passei momentos de raiva, tédio, mas também fiquei preso a uma boa história que, certamente, o jogo possui.

We Happy Few foi desenvolvido pela Compulsion Games, que é uma empresa Canadense, nova no mercado, ela começou com jogos indies, e agora esta subindo para um patamar de AAA. Recentemente, na E3 2018, a Microsoft declarou que a empresa agora faz parte do seu time de estúdios, claro que pela competência e o que ela pode oferecer no futuro.

Mas será que o presente, atende as nossas expectativas?

UMA HISTÓRIA INTRIGANTE

We Happy Few possui uma história que vai engrenando bem lentamente, ela começa muito bem mas vai cozinhando o jogador em todos os aspectos, como disse no começo da analise, joguei com muita atenção aos detalhes para não ser injusto, então tive um misto de emoções ao vasculhar a cidade de Wellington Wells, essa lentidão para desenvolver a trama é um dos pontos mais chatos do jogo.

Wellington Wells possui ótimas histórias, que são distribuídas em side quests e quests principais, algumas side quests tem valor para a trama principal, mas a maioria funciona como pequenas histórias que são separadas.

O foco de We Happy Few, está nas histórias principais que serão interligadas em algum momento, e onde cada uma possui aspectos únicos.

A primeira história foca em Arthur Hastings que passa por grandes problemas durante a infância, onde a Alemanha ganhou a guerra e se faz presente na cidade de Wellington Wells. Arthur trabalha no jornal da cidade, onde muitos acontecimentos são censurados, e o jogo começa por esse ponto, onde você deve permitir ou censurar acontecimentos. Isso de alguma forma incomoda o protagonista, pois passado e presente se misturam o tempo todo.  Em We Happy Few  temos alguns flashbacks que são opcionais, mas completam o entendimento da trama.

Uma sociedade com uma felicidade disfarçada.

Arthur Hastings não é o único protagonista do jogo, durante a campanha de Arthur, encontramos com mais dois personagens importantes para a trama, e que estão interligados, são eles Sally e Ollie. Cada um possui sua história própria, árvore de habilidades únicas e pontos fortes e pontos fracos.

Algo interessante é que o jogo possui esses  três pontos de vista que se completam, o único problema é ter que jogar na ordem que o jogo estabelece, acabou de jogar com o Arthur, a história pula para Sally e depois passa finalmente para Ollie, mas tudo isso tem uma explicação,a história e acaba que só faz sentido dessa maneira, sem isso você não entenderia certos medos e traumas de cada personagem.

UM MUNDO ESTRANHO

O mundo de We Happy Few é bem peculiar, fica bem claro que a cultura inglesa foi a inspiração usada para a criação de Wellington Wells, cabines telefônicas, carros, vestuário, linguagem, tudo tem o charme da cultura européia.

Os habitantes de We Happy Few na maioria das vezes, vivem na extrema alegria, todos são escravos da pilula da Alegria, algo criado para esconder a realidade que não é tão bonita. O governo droga todos os habitantes para que vivam no seu controle, e se esqueçam do seu passado, afinal o principal efeito colateral é a perda de memória, muitos nem se lembram de como a cidade chegou a esse ponto, pois pra eles está tudo bem.

Nem todos aguentam voltar para a realidade.

A realidade é bem tenebrosa, a noite todos são obrigados a entrarem para suas casas, pois existe um toque de recolher, e só os guardas ficam patrulhando as ruas. Para andar por ai, você deve se esgueirar, usando becos e outras casas para passar pelos guardas. Outro aspecto que o jogo explora, é como a sociedade te vê, se você está em um local pobre com uma roupa bonita, os habitantes querem te atacar, e se for o contrário também, então você deve se adaptar ao meio onde está localizado.

UM MISTO DE IDÉIAS

We Happy Few tem grande parte de sua jogabilidade vinculada a sobrevivência, ele possui medidores de fome, sede, sono, alegria, e cada um desses aspectos afetam o status do personagem, comeu uma carne podre, você pode ficar doente, perdendo estamina por exemplo.

Algo que é bem explorado é o medidor de alegria, ela afeta tudo a sua volta, deixando os habitantes praticamente hipnotizados, e como toda droga possui efeitos colaterais, se o jogador consumir alegria demais, ele pode morrer e conforme o jogador for consumindo a droga em grandes quantidades, o corpo se acostuma, e se você não manter o vício, ele entra em estado de abstinência, que é chamado de “deprê”, se as pessoas o verem dessa maneira, logo querem tirar satisfação ou chamam os guardas para te darem um corretivo. Nas cidades existem detectores de deprê, se você estiver com os níveis de alegria vazio, pode tomar dano ou ser descoberto, então guarde sempre uma pílula de Alegria com você.

Cada cidade possui um tipo de arquitetura, que mostram as diferenças econômicas.

We Happy Few quer ser muito, e as vezes se perde nesse aspecto, a Compulsion Games pegou muitas idéias, mas ao colocar em prática, nem sempre acertou, as mecânicas de sobrevivência são legais, mas são dispensáveis, poderiam ter dado mais foco na narrativa. As coisas ficaram muito soltas, é bem chato ficar andando de um lado para o outro, procurando um determinado item, para conseguir avançar na missão. O jogo tem muito conteúdo, mas o jogador não se sente a vontade para explorá-lo, pois fica se preocupando com essas mecânicas massantes de sobrevivência.

O combate fica divido entre stealth e ação, o caminho mais prazeroso é abater os inimigos sorrateiramente, afinal o sistema de combate é bem chato, a câmera em primeira pessoa até tem uma boa imersão, mas faltou capricho e precisão nos golpes, e as vezes parece que você esta batendo em papel.

SOM E GRÁFICOS

We Happy Few  não possui áudio em português, mas possui legendas e menus em português, algo que já ajuda o jogador a entender melhor a história e as mecânicas do jogo, que são bem amplas.

Os gráficos de We Happy Few são ótimos, iluminação, efeitos de sombra e uma boa quantidade de cores. O jogo cumpre com maestria esse papel, tendo um layout que agrada os olhos. A performance está ótima, não vi nenhuma queda de frames, mas bugs existem, os corpos as vezes ficam com efeito de boneco, deixando a realidade das leis da física de lado.

Os cenários são belos, usam e abusam da temática Steampunk, mas no começo acabam enjoando um pouco, pois não tem diversidade, claro que do meio para o final, isso muda. Com cenários cada vez mais belos do que o outro. As cidades mostram perfeitamente a desigualdade social e como o submundo da Europa é estranho.

Já tomou sua dose de alegria hoje?

OPINIÃO

We Happy Few possui ótimas histórias, e um potencial absurdo para se tornar uma franquia de sucesso, mas peca em erros bobos. A história demora a engrenar, você fica andando de um lado para o outro, deixando o tédio tomar conta. Os gráficos estão ótimos, o jogo abusa da palheta de cores diferenciada e cumpre o padrão da geração atual neste quesito.

Algo que assustou os jogadores foi o preço, que está bem salgado. Mas algo que pesa a favor são as três campanhas que possuem muitas horas de jogo.

Vamos torcer para que a Compulsion Games com mais investimento, e sob tutela da Microsoft Studios, consiga transformar We Happy Few em uma franquia, afinal eles são um estúdio com muito talento, falta só uma lapidação.

Entenda nossas notas

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