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Análise: Resident Evil 2

Algumas franquias são eternas e conseguem atravessar o tempo e Resident Evil é uma delas. A Capcom criou um jogo que definiu o Survival Horror, e por mais que não seja o primeiro, ele foi e sempre será o rei do gênero.

Após a tentativa com sucesso de reinventar a franquia com Resident Evil 7, o caminho mais fácil era seguir a franquia por um rumo diferente. Foi então que os sonhos de todos os fãs foram atendidos com o anúncio do remake de Resident Evil 2. Por mais que a Capcom tenha feito um ótimo remake para o primeiro Resident Evil, o mais pedido era o segundo, afinal de contas ele tem os dois protagonistas mais populares da série, Leon e Claire. Além, é claro, de ótimos personagens secundários, chefes e muitos segredos.

Sempre que a Capcom falava sobre o remake, ela dizia que o game seria uma reimaginação, deixando a entender que a história teria algumas mudanças. Com essas promessas de mudanças, somado a utilização da RE Engine, que eleva o patamar da série para outros níveis, será que Resident Evil 2 consegue superar as grandes expectativas?

UMA HISTÓRIA SEMELHANTE

Um dos fatores que mais curto na franquia Resident Evil é sua história, por mais que, na minha opinião, algumas obras deveriam ser intocáveis. A minha maior critica em relação ao game é na história, não que seja ruim ou fraca. Ela é muito boa, mas na minha opinião, alguns furos de roteiro que aconteciam no game original poderiam ter sido acertados aqui. Seria a hora certa para ajustar a franquia como um todo. Então quando a Capcom disse que seria uma reimaginação, ela não foi totalmente coerente. Sim, aqui existe um remake, e se você curtiu o original, vai curtir o novo game, mas com algumas ressalvas.

A história parece que foi resumida em alguns pontos. Sei que o game original dava para finalizar em poucas horas, mas tinha uma grande história ali. Como alguns acontecimentos parecem ter sido resumidos, ficaram alguns furos no roteiro, e com duas campanhas acontecendo ao mesmo tempo, Claire e Leon se esbarram pouquíssimas vezes.

O laboratório é um dos ambientes mais bonitos do game.

Claro que como os inimigos são mais mortais e a munição é escassa, isso prolonga a jogatina. Na minha opinião poderiam ter incluído mais áreas novas, ou inimigos novos. Isso traria um gosto mais especial para os fãs mais hardcores. Mesmo com esses furos, a história é muito boa, com uma intensidade que, muitas vezes, não te deixa respirar. Ver todos os elementos que fizeram o game original um clássico, é de se aplaudir. Mas a Capcom foi um pouco covarde em não testar coisas novas, sei que isso poderia arrancar raiva de alguns fãs, mas ainda assim traria mais consistência para o jogo.

LEON O NOVATO

Confesso que na versão original não era meu personagem preferido, sempre joguei mais com a Claire. Mas após ver um Leon mais casca grossa em Resident Evil 4, acredito que o personagem subiu no meu conceito.

Comecei minha jornada com o novato Leon, após não receber nenhum contato da policia de Raccon City, Leon viaja para a cidade e encontra muitas surpresas por lá. Logo nos primeiros minutos do game, você já é apresentado ao terror. Recriando aquela cena clássica do inicio, só que desta vez com um gameplay de introdução. Só nesses primeiros minutos, o jogador percebe o quanto Resident Evil 2 se atualizou.

Leon evolui muito como Policial.

O que se fez com maestria em Resident Evil 2 foi a construção do Leon, após passar por grandes acontecimentos, o personagem vai crescendo como Policial. Afinal lidar com Mr. X e companhia não é para qualquer um. Leon possui armas e características únicas, podendo levar mais dano do que Claire, por exemplo.

A relação dele com Ada foi melhor dramatizada, com cenas ainda mais marcantes. Você sente que ele evolui durante todo o seu percurso, e por mais que ele não carregue o peso de ser um S.T.A.R.S, ele cumpre seu papel evolutivo como um grande policial. O envolvimento que os dois possuem contribui muito para a sua construção.

A campanha de Leon tem algumas mudanças, trazendo alguns novos locais e novos puzzles, que trazem aquele charme dos jogos antigos.

CLAIRE A BADASS

Ele é um dos personagens que já tem uma missão assim que chega na cidade. Claire vai em busca de seu irmão Chris Redfield, protagonista do primeiro game. Como todos sabem, ele foi para a Europa para buscar informações sobre a Umbrella. Chegando em Raccon City ela não consegue encontrar o irmão, além de se envolver e ficar presa na cidade. Ela junta forças com Leon para tentar fugir da cidade, e durante o percurso ela encontra uma pequena garotinha, que é nada menos que a filha de William Birkin,um dos vilões de Resident Evil 2.

A indefesa Sherry traz um drama maior para a campanha de Claire.

O envolvimento com Sherry traz um peso ainda maior no remake, onde é possível perceber as feições de medo da garotinha, e sendo assim, cabe a Claire protegê-la. Com grandes perigos rondando as duas, a campanha de Claire traz uma trama mais emocional e com uma grande justificativa, que mostra que a personagem tem grandes motivos para estar ali.

A campanha de Claire vai ao encontro do Chefe Irons, que está medonho, e desde o jogo original que um inimigo não passava o perigo que o vilão trazia, e que aqui ainda traz uma carga quase doentia.

Não pense que por Claire ser uma mulher, ela seria indefesa. Desde o original, a personagem é bem durona e possui um arsenal bem destrutivo em relação ao Leon. Aqui temos várias armas para escolher, enchendo seu inventário com armas e munições. Talvez isso se deva ao fato da resistência dela ser um pouco mais fraca.

MR. X UM INIMIGO INCANSÁVEL

Pense em um inimigo implacável, que persegue o jogador sem cansar. Esse é o Mr. X, que ganhou um destaque ainda maior em Resident Evil 2. A cada pisada que ele dá no andar superior, o seu coração bate mais forte, quando ele está a espreita, o jogador deve escolher a melhor rota, qualquer barulho , seja o mais baixo, pode atrair a arma biológica para perto de você. O inimigo atravessa áreas que antes eram seguras, deixando o jogador muito tenso.

Prestar atenção nos passos do inimigo é a melhor forma de evitar o monstro. Pra quem não conhece o Mr. X, ele é uma evolução do primeiro Tyrant, que estava presente no primeiro Resident Evil. Aqui ele tem mais inteligência, e o coração não é mais exposto, deixando o inimigo invencível. A sua roupa é a prova de balas, e o inimigo possui um limitador de poder. Que foi colocado para controlá-lo melhor.

Ele pode aparecer a qualquer momento. Cuidado!!!

WILLIAM BIRKIN

Um dos personagens mais icônicos da franquia. William Birkin criador do G-Vírus sofre uma atentado da Umbrella Corporation e para se proteger injeta o novo vírus em seu corpo. Após esse evento, ele se torna um monstro, sofrendo várias transformações durante o game. Mas acaba que o personagem não te causa tanto medo como deveria. Ele é só mais um vilão que por ser tão estranho, acaba não causando tanto pavor.

Na minha opinião o Mr. X ofuscou o brilho de William. O personagem aparece algumas vezes sempre no mesmo lugar. Não há um momento de surpresa. Tão pouco a história dele, que é trabalhada superficialmente. Claro que nos arquivos e textos tem bastante informação, mas fazer o personagem o Vilão central seria o mais coerente. As batalhas dele são sempre empolgantes, mas um pouco previsíveis. Annete, a esposa dele, é melhor trabalhada, com cargas emocionais e algumas dualidades.

Claro que a evolução dele é muito bem feita, mostrando mesmo do que o G-Vírus é capaz, e a RE Engine mostra cada detalhe medonho que o personagem possui. Fora que os gritos e espasmos de insanidade, que mostram com detalhes os efeitos do G-Vírus em William.

JOGABILIDADE RENOVADA

A jogabilidade é um grande destaque de Resident Evil 2. Com uma câmera por trás do ombro do personagem, o game chega com uma  versão definitiva da obra. Agora temos uma roda de armas que facilmente pode ser trocada, além dos menus que estão bem simplificados. As novas áreas foram tão bem incorporadas ao jogo que parecem ser parte do conteúdo original.

As campanhas tem locais exclusivos.

A mira das armas é um pouco mais complicada, afinal não estamos jogando com experts em matar Zumbis. Por isso a dificuldade em mirar incorpora a tensão que o jogo carrega. Lembro que ao jogar Resident Evil 5 e 6, onde parecia que seu personagem era imbatível, mesmo contra armas biológicas mais avançadas.

UM TERROR ATUALIZADO

Os zumbis de Resident Evil 2 estão ainda mais grotescos e ameaçadores, e contrastam bem com os que existem nos jogos mais recentes, que não causavam tanto medo. Agora, para eliminar um zumbi, o famoso headshot não funciona, tem que ter sorte para dar um tiro critico ou dar muitos tiros para derrubá-lo. Além disso, eles perseguem o protagonista por outras salas, e não ficam restritos em uma sala. Eles seguem empurrando a porta até abrir.

Zumbis estão ainda mais mortais.

Outros inimigos ganharam mais peso, como os Lickers, por exemplo, e trazem um gore mais forte para a franquia. Eles são bem rápidos e com uma resistência ainda maior, aproveitando bem o ambiente mais escuro para te atacar de surpresa.

Temos também os cachorros zumbis que atacam com muita fúria e podem surpreender ao vir em muita velocidade.

SOM E GRÁFICOS

Resident Evil 2 não tem dublagem em nosso idioma, mas possui legendas e textos todos localizados em Português do Brasil. Todas as falas estão com sincronismo perfeito.

O som do jogo está em um patamar acima de qualquer jogo de terror do mercado, trazendo momentos de tensão e jump scares perfeitos. Imagine os passos de Mr. X te torturando por muitas horas durante sua jogatina. O som dos gritos dos zumbis são perturbadores, e isso faz parte do gameplay. Como o game é bem escuro, o som acaba te ajudando a se orientar pelo cenário.

Os gráficos estão belíssimos, com muitos efeitos de iluminação que se destacam em ambientes escuros. A renderização dos personagens está perfeita, e ainda traz expressões faciais muito realistas.

OPINIÃO

Resident Evil 2 é um dos melhores remakes já feitos, com mudanças drásticas em todos os sentidos. A Capcom conseguiu revitalizar a sua maior franquia com maestria, mostrando que a RE Engine é muito versátil e pode trazer muito lucro para a empresa. A modelagem dos personagens e a reconstrução dos cenários do original foi muito impactante e nostálgico. O jogador está em um ambiente inédito, mas com pontos familiares.

Alguns personagens ganharam uma carga emocional maior, afinal a engine permite isso. A cada edição que passa, ela fica ainda melhor. As expressões faciais, que no sétimo jogo ainda pareciam estranhas, agora ficaram perfeitas.

O som está perfeito e virou uma parte importante do gameplay. A ausência da dublagem fez falta, pois era uma inclusão necessária para alguns jogadores, por mais que tenham as legendas em Português.

O único ponto negativo, que mais me afetou, foi alguns furos de roteiro que continuaram. Poderiam ter feito alguns ajustes na trama, algo para dar mais sincronismo. São duas campanhas que acontecem ao mesmo tempo, logo deveriam se encaixar, e isso não acontece como deveria, até existe alguns pontos, mas são ofuscados pelos furos de roteiro.  Nada que comprometa a jogatina, mas seria um ótimo acréscimo para a narrativa.

Mr. X é o ponto mais forte junto com o som, afinal o vilão roubou a cena, e abre espaço para Nemesis chegar com muita força, em um possível remake de Resident Evil 3.

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