Três anos após o lançamento de Dark Souls III, a From Software volta a sacudir o mundo dos games com um novo jogo. Seria Sekiro: Shadows Die Twice uma carta de despedida ao estilo “Souls“? É o que você confere em nossa análise.

Era uma vez…

Um garoto que perdera sua família em meio as guerras que assolavam o Japão durante a Era Sengoku. Acolhido pelo grande mestre ninja Coruja, o jovem foi criado pelo caminho dos Shinobi, aprendendo técnicas de furtividade, assassinato, tudo com um código de ferro. Seus feitos o levaram a ser conhecido como o Lobo Solitário.

Quando o jovem mestre Kuro é sequestrado, o Lobo vai ao seu resgate, mas acaba sendo derrotado e perde seu braço esquerdo no processo. Mas o Lobo não estava pronto para a morte. O ninja é resgatado por um monge misterioso, que coloca uma prótese no lugar de seu braço perdido. Então, o ninja parte em uma jornada para resgatar seu mestre, agora com a alcunha de Lobo de um Braço Só, Sekiro.

E assim nasce uma lenda

Quando Sekiro: Shadows Die Twice foi anunciado, a From Software enfatizou que o jogo teria um foco maior em sua narrativa. Enquanto seus antecessores eram mais focados no desenvolvimento do personagem, aqui a história é contada com início, meio e fim. Sabemos a origem do nosso personagem, suas motivações, assim como as dos seus inimigos. A decisão de dar maior foco a sua narrativa certamente foi tomada para abranger uma fatia maior do público, e acertar onde muito reclamava-se dos jogos antecessores “não possuírem história”.

Batalhas contra bosses bem diversificadas

O resultado é excelente. São diversas cenas não interativas e ricos diálogos com NPCs que ajudam a explicar a lore. Como cereja do bolo, a From Software conseguiu colocar vários finais diferentes no jogo. Confesso que inicialmente estava cético quanto as ações do jogador afetarem o final, pois em jogos antecessores do estúdio já havia isso, mas a diferença nos finais eram minimas. Dessa vez, o rumo da história pode ser mudado totalmente, fazendo aliados tornarem-se inimigos e vice versa.

Meu jeito ninja

Sekiro: Shadows Die Twice, como um bom jogo de ninja, tem como a furtividade seu principal elemento. Mas isso não significa que o jogador precisa usar esse tipo de abordagem para avançar no jogo. Sekiro possui várias árvores de habilidades que ajudaram o jogador a escolher o melhor estilo para si.

Prefere matar seus inimigos um a um na surdina? Que tal soltar uma névoa com sangue no seu alvo? Um amuleto capaz de diminuir sua visibilidade? Ou uma corda com gancho para facilitar sua mobilidade pelo cenário de forma despercebida?

Escolha sabiamente suas habilidades

Mas se você preferir uma abordagem mais direta, Sekiro oferece várias técnicas de outras escolas que tornam o seu personagem uma máquina de combate. Cada escola tem foco em um estilo de luta, como esgrima, combate sem armas ou usando ferramentas ninjas.

Sekiro pode não possuir a mesma liberdade para customizar seu personagem como outros jogos da From, mas o jogador ainda conta com uma boa variedade de opções para achar o esquema que mais lhe agrade. E acredite, qualquer ajuda será necessária para poder superar seus inimigos em combate.

Domando uma nova fera

Definitivamente o ponto mais alto de Sekiro: Shadows Die Twice é o seu combate. A From Software conseguiu se reinventar, trazendo um estilo de combate mais ágil e frenético, que acaba exigindo ainda mais paciência e perícia do jogador. Mas uma vez que você consegue domá-lo, as batalhas se tornam extremamente prazerosas.

Vamos dançar?

O combate é todo voltado para um esquema de postura. Tanto Sekiro quanto seus oponentes possuem uma barra de vida e de postura. Atacar tira tanto pontos de vida, como aumenta a barra de postura. O interessante aqui é que os ataques de Sekiro não tiram tanto dano quanto de seus inimigos, mas uma vez que você consegue quebrar a postura, um ataque letal pode ser realizado. E a melhor forma de se quebrar a postura é repelindo ataques, que basicamente é apertar o botão de defesa no momento exato em que Sekiro seria atingido pelo ataque.

Tendo isso em mente, o jogador possui o básico para derrotar a maioria dos inimigos. O problema começa quando o jogador encontra bosses e mini bosses. Tais oponentes são bem mais difíceis de serem derrotados, não só por terem ataques mais poderosos, mas por também terem um padrão de ataque bem mais complexo.

Menos um…?

Então o duelo começa, como se fosse uma dança. Você precisa acompanhar os movimentos do seu “par” em sincronia. Um movimento antes da hora ou um pouco atrasado e você pode acabar tombando. O mesmo vale para Sekiro, mas a diferença é que nosso herói acabará morrendo. Porém, algo que custei para perceber é que o jogador deve ser o guia dessa dança.

Descrição de itens guardam peças importantes da lore do jogo

Cautela! Palavra chave desde o primeiro Dark Souls. Era preciso ter cautela com todos os inimigos para conseguir avançar no jogo. Aguardar uma abertura para realizar seus ataques. Uma estratégia que funcionava em todas as ocasiões. Só que não em Sekiro. Por conta do excesso de cautela adquirido em anos de Dark Souls, acabei demorando para perceber a essência do jogo. Morri muito e acabei travando bem no início da jornada. Começava a achar que tudo que tinha aprendido com os jogos da From havia sido jogado no lixo. Menos um. Perseverança.

Telas de loading…você as verá com frequência.

O momento mais marcante do jogo foi quando me vi entre três oponentes formidáveis e que, até então, pareciam impossíveis de serem superados. Sempre tentando gravar seus movimentos para repeli-los, por repetidas vezes vi a tela de morte. Quase desistindo, parti para uma abordagem mais agressiva, já estava cansado de morrer em um estilo de combate passivo. Então, um dos três caiu, e de forma surpreendente fácil.

A ficha tinha caído. Era eu quem precisava partir para o ataque. Era eu quem deveria guiar essa dança. Assim, fui derrotando um Boss atrás do outro. Claro, o jogo não ficou mais fácil por conta disso, mas eu já conseguia enxergar estratégias para derrotar meus oponentes.

Um mergulho a cultura japonesa

Explorar o mundo de Sekiro: Shadows Die Twice é uma das experiências mais prazerosas que o jogador pode ter. Andar pelo mundo sem um mapa sequer, e descobrir novos locais apenas seguindo seu instinto e dicas de NPCs traz um enorme sentimento de satisfação.

De quebra, o jogador consegue apreciar aquele que pode ser o jogo mais bonito já produzido pela From Software. A paleta de cores é bem diversificada com terrenos cobertos de Neves, vilas obscuras e montanhas floridas são alguns exemplos de locais que o jogador irá se aventurar. Além dos belos cenários, o jogo explora bastante a mitologia japonesa. Monstros e NPCs inspirados em lendas aparecerão com certa frequência.

Cenários encantadores aguardam o jogador

Para tornar tudo ainda mais imersivo, o jogo chega com idioma de dublagem japonês nativamente. Mas calma, os menus e legendas estão localizados em pt-br. É interessante ouvir o diálogo dos personagens, que faz lembrar os antigos filmes de samurai que remetiam ao período Sengoku.

Opinião

Sekiro: Shadows Die Twice mostra o ótimo momento em que a From Software vive. O jogo consegue reinventar um estilo, mas ainda assim mantendo as raízes que o definiram. Com gameplay e gráficos refinados, é certamente um dos, se não melhor, jogo da desenvolvedora.

Seu único defeito, se é que pode ser considerado um, é a dificuldade extremamente elevada. O jogo certamente espantará aqueles que procuram uma experiência mais casual. Mas aqueles insistirem terão em suas mãos um dos melhores jogos do ano. Que venham mais “Sekiros

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About Author

Aficionado pela cultura geek. Se o cinema é a sétima arte, os games são a oitava. Entrou no mundo dos consoles no NES e desde então vem acompanhando a geração dos games até o Xbox One. Caçador de indies, nas horas vagas tenta ser biólogo.

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