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Análise: Fade To Silence

Survival. SoulsLike. Permadeath. É com essas três palavras que começo a escrever esta análise. Estas três palavras dão o tom de Fade To Silence, o mais recente jogo da Black Forest Games disponível. Os jogos são definidos por gêneros justamente por conta dessas atípicas ocorrências que descrevo durante esta análise.

Não é o que parece

Fade To Silence é um jogo de sobrevivência que pode ser jogado em cooperativo, tendo seu maior inimigo o clima hostil. Essa é a sinopse do jogo na loja. Em um primeiro momento você pode não se dar conta de toda a carga de sobrevivência que ele carrega e toma o seu primeiro susto: Sim, é puramente sobrevivência.

O jogo da Black Forest Games apela imensamente para vários elementos de sobrevivência, tais como: fome, frio e cansaço. Você acorda em uma caverna com uma entidade maligna afirmando que você está com suas chances se esgotando… mas que ainda existem chances.

Um breve tutorial ocorre e você é apresentado ao modo batalha do jogo, algo que remete a Dark Souls (tá na moda). Dentro desta mesma caverna, está o Círculo da Tormenta, que todos os jogadores desprezam. Falarei mais sobre posteriormente.

Sua aldeia está sendo atacada por seres malignos, sendo apenas citados como Corrupção. Nesta aldeia está sua filha e você precisa expulsar os tentáculos da Corrupção para começar a levantar sua comunidade e proteger o que restou de sua família. Até este momento, pouquíssimo se revela da história e os movimentos a seguir são apenas tutoriais, mas o jogo te dá total liberdade para explorar cada canto como achar melhor.

A principal missão de Fade To Silence é ir em direção ao norte do mapa, mas para isso você enfrentará vários inimigos, alguns gigantes e outros bem sorrateiros, que irão atacar de forma a evitar sua esquiva e garantir aquele ‘hitkill‘ maravilhoso que dá vontade de arremessar o controle longe. As áreas do mapa são dominadas por Guardiões que, uma vez derrotados, você assume o comando e soma um ponto de viagem rápida a esta área do mapa.

Apesar dessa breve descrição, os pontos são muito distantes e te irritam por ter de vagar a esmo pelo mapa por várias vezes em busca de recursos. É um jogo que demanda paciência, tenha isso em mente.

Mapa hostil e sobrevivência, será?

As áreas do jogo se dividem em setores, que lembram a civilização de outrora. Locais como fazendas, pátios ferroviários, usinas, silos, túneis, fazem parte da paisagem que está 100% do tempo coberta por neve. O clima de nevasca é seu maior inimigo. Lembrando que se trata de um jogo de pura sobrevivência, some a isto o fato de ser um lugar inóspito e hostil, terás uma vaga lembrança de como o jogo é… porque ainda não é tudo.

Os combates adicionam dificuldade extra ao jogo. Sua barra de estamina zera com extrema facilidade, obrigando o jogador pensar muito seu próximo movimento. Essa estratégia é muito semelhante aos jogos que bebem da fonte “SoulsLike”. Até mesmo o comando de ‘parry‘ é utilizado aqui. Alguns inimigos tem ataques de área e outros tem um movimento fácil de decorar, dando tempo pro jogador se antecipar. Só não se deixe ficar cercado, senão é morte certa.

Círculo da Tormenta

É com a palavra ‘morte’ nesta análise que me encorajo a falar do Círculo da Tormenta. O permadeath deste jogo adiciona elementos que podem facilitar na sua “segunda chance”. O jogo conta com as Chamas da Esperança, um cristal que você coleta em alguns lugares que determinam quantas vidas você tem nesse jogo. Mas não se afobe, isso não deixa o jogo mais fácil, pois você tem uma quantidade limitada de espaço para carregar as tais chamas.

Uma vez que você as usar por completo, um ser maligno busca sua alma e te dá opções para carregar para sua próxima aventura. Essas opções podem ser mais comida, mais lenha (para se manter aquecido logo no início) e outros itens que você pode usar no crafting. Se sentindo corajoso? Saiba que o Círculo da Tormenta, após acabarem as Chamas da Esperança, zera o mapa e você precisa refazer tudo novamente. Abrir todo o mapa, executar novamente os Guardiões, liberar pontos de viagem rápida e chorar aquelas 15 horas que você jogou e foram pro ralo. Sim, foi o que aconteceu comigo e me fez desistir do jogo.

O sistema de crafting do jogo é pesado e pra tudo você precisa de recursos do mundo. Alguns chegam a ser ridículos a necessidade de vários itens extras para fabricar um equipamento que em outros jogos são tão comuns obter. A impressão que passa é que Fade To Silence embarcou na onda do “vou dificultar tudo porque quero assim“.

Levante uma comunidade e se arrependa

Para sobreviver neste mundo bizarro e inóspito, você precisará de ajuda extra e pra isso você tem os seguidores. São personagens aleatórios pelo mapa, dispostos em locais randômicos, que você pode oferecer ajuda e após cumprir sua breve missão, poderá convidá-lo a se juntar ao seu acampamento. Não pense você que só clamar por ajuda irá tornar as coisas mais fáceis, os seguidores também sentem cansaço, frio e fome.

Eles podem sim te ajudar a recolher recursos e travar batalhas mas, uma vez que eles se sintam desprezados ou que suas necessidades não estão sendo atendidas, irão deixar você, independente de onde você esteja. Um seguidor pode ser sim uma ajuda, mas pode ser também um problema a mais.

É no quesito gráfico que Fade To Silence mais desaponta. Não se deixe levar pelos trailers ou por imagens da loja, o jogo é deveras feio e nem mesmo parece da geração passada. Parece da anterior. Se esse jogo fosse do primeiro ano do Xbox 360, talvez alguns iriam elogiar.

Para a atual geração, o jogo tem muitas quedas de framerate, muitos objetos somem e aparecem, o som parece estar deslocado todo o tempo e as cutscenes são horrorosas.

O jogo não está localizado para o nosso idioma e isso deixa as coisas ainda mais vagas. A história é mostrada em doses homeopáticas ao jogador e isso frustra demais, pois você nunca tem a sensação exata de estar avançando pra algo, algum lugar, alguma situação.

Opinião

Fade To Silence é um jogo que tentou abordar algumas parcelas de nicho nos jogos, juntou todas em um único título que desaponta em princípios básicos como gráficos mais polidos e um sistema de crafting mais justo. Os combates não desapontam e trazem tensão a partida, talvez por ter a morte espreitando em todo encontro que encare.

É um jogo que seria fácilmente recomendado para alguém que goste de elementos de sobrevivência, alguém que goste da tensão do permadeath ou que tenha afeição pelo gênero ‘SoulsLike’. Aqui nesse caso, o jogador tem que ser os três. Survival. SoulsLike. Permadeath.

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