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GreedFall traz um mergulho intenso dentro de uma trama que mistura colonização, magia e mecânicas robustas de RPG, onde as escolhas do jogador possuem real impacto nesse universo que está sendo construído. Depois da recepção morna do seu último jogo, The Technomancer, a francesa Spiders Studios volta a apostar no mundo do RPG, mas dessa vez apresenta um grande crescimento absorvido das críticas construtivas do seu último projeto, mostrando o grande futuro que a desenvolvedora tem pela frente.

O jogo tem grande inspiração em franquias como The Witcher e Dragon Age, sendo essa última uma base clara para a criação de GreedFall, com seu peso gigante na criação de relacionamentos com pessoas e grupos durante a sua jornada. Ainda assim, o jogo possui sua própria personalidade, oferecendo ao jogador uma viciante montanha-russa de emoções, que nunca nos deixa dispersos do seu universo.

Ficou curioso? Vamos conhecer mais de GreedFall nessa análise.

História

Quando GreedFall foi apresentado, no início de 2017, ele me chamou a atenção com sua ideia de trazer um RPG robusto e com uma história que se passaria no século 17, mostrando conflitos entre os habitantes de uma ilha selvagem, e os colonizadores que iriam para o local em busca de uma cura para uma doença grave do continente, a Pestegris. No entanto, como em diversos processos de colonização que conhecemos, através da história, os colonizadores também iniciaram um processo abusivo de forçar suas crenças e costumes nesses nativos, que ainda sofrem com a investida implacável de mercenários, que buscam saquear tesouros nessa ilha. No meio de todo essa furação está o seu personagem, que se chama De Sardet, e é diplomata da chamada Congregação dos Mercadores, uma instituição poderosa do mundo conhecido.

Nós podemos construir a aparência desse nosso personagem, escolhendo gênero, estilos e cores para cabelo, rosto e olhos, o que aumenta a imersão de sentir que estamos, de alguma forma, fazendo parte daquele mundo. Nosso personagem é enviado para essa ilha, que ganhou o nome de Teer Fradee, e pode ter a cura para Pestegris, que assola o continente, mais especificamente a cidade de Seréne. Ao chegar na ilha começamos a entrar em contato não apenas com outros continentais, mas também com os nativos, conhecendo os dois lados dessa história. Nós também estamos lá como uma grande autoridade, pois nosso querido primo Constantin foi nomeado como o governador da nova cidade que estão construindo na ilha, com o nome de Nova Seréne, e De Sardet é o seu braço direito por lá.

A história te puxa para dentro dela desde o começo, nos deixando curiosos sobre a Pestegris, a vida dos nativos de Teer Fradee, o comportamento dos continentais com essa nova cultura e ainda a presença de magia e acontecimentos sobrenaturais. Tudo fica ainda mais interessante com o fato do nosso personagem ter uma marca que apenas os nativos da ilha possuem. Ou seja, mais uma ponta solta que precisamos fechar para entender nosso personagem, e o mundo que estamos descobrindo.

A missão principal é extremamente interessante e aguça a nossa curiosidade a todo instante. Sempre estamos atentos para saber mais daquele mundo e seus personagens, bem como suas narrativas irão se desenvolver. A trama está sempre em um ritmo crescente. Ela começa enigmática, mas morna, na cidade introdutória, e vai ganhando vida e contornos épicos conforme as missões são concluídas, e exploramos novos cenários. E não falo isso apenas em relação a história principal, pois em GreedFall as missões secundárias são tão importantes quanto as principais. Elas não existem para engordar a duração do título, mas para agregar informações valiosas para a narrativa e seus personagens, tendo grande impacto, até mesmo, nos acontecimentos do desfecho do jogo. Outra grande façanha dos desenvolvedores foi sua criatividade com essas missões, pois elas são realmente únicas, e você nunca sente que está fazendo algo repetitivo. Além disso, muitas dessas missões trazem reviravoltas e informações chocantes, que emocionam e deixam o nosso coração na boca.

Como dito anteriormente, GreedFall lida com o delicado tema da Colonização, e isso implica escolhas difíceis, e que muitas vezes irão testar o seu senso de moralidade sobre algumas práticas, que acontecem sob o pretexto de um bem maior. O jogo não só expõe tramas delicadas, mas também nos leva a pensar em como nos comportaríamos em situações extremas como aquelas. O estúdio consegue mergulhar profundamente nas raízes do tema, e felizmente nos carrega com sucesso para essa imersão.

Construindo relacionamentos

A Spiders Studios se inspirou, bastante, na maneira da BioWare conduzir os relacionamentos, e o impacto do nosso personagem no universo criado, e sentimos de foram crível que nossas escolhas e comportamento possuem relevância para as outras pessoas, e para os acontecimentos ao nosso redor, o que nos faz prestar bastante atenção em cada diálogo, para calcular o peso de cada escolha, pois assim como acontece em jogos como Dragon Age, o seu relacionamento com outros personagens e grupos da história são cruciais para o desenvolvimento da trama. Você estará no meio de decisões difíceis, com grupos que pensam de maneira oposta, mas você precisa encontram uma forma de entender cada um, e assim conseguir seu apoio. Mas você também pode simplesmente escolher não gostar de alguém, ou alguma facção, pois o GreedFall te dá liberdade para isso. É aqui que entra o famoso sistema de Reputação.

Conhecido por sua presença em jogos como Dragon Age e Mass Effect, esse sistema mensura o quão satisfeito estão as pessoas e os grupos que convivem com o seu personagem. Conforme você ajuda, ou não, algumas pessoas, você pode ganhar ou perder reputação com elas. E isso ganha peso maior, pois você possui companheiros que lutam ao seu lado, mas cada um deles possuem ligação com um tipo de facção do jogo, então agredir um nativo com uma nativa no seu grupo, vai te fazer perder reputação com ela, mesmo que isso possa te fazer ganhar pontos com outro companheiro que ache legal esse tipo de comportamento. Ao todo são cinco companheiros, mas você só pode levar no máximo dois com você durante as missões. Dessa forma, é essencial analisar bem quais são os companheiros ideias para levar em cada situação, não apenas para evitar desentendimentos graves, mas também para obter vantagens em determinados assuntos.

Seus companheiros podem se tornar grandes amigos, inimigos e até mesmo um grande romance, tudo com base nas suas escolhas e modo de encarar as situações. No entanto, em relação aos romances não espere nada muito elaborado, como nos jogos da BioWare, pois apesar de ser interessante existir essa criação de uma vida amorosa para o nosso personagem, isso é feito de forma superficial. Ainda assim, é muito interessante ver a tentativa dos desenvolvedores de adicionar um sistema desse no seu jogo, o que pode ser muito mais bem elaborado em um próximo projeto.

Esses companheiros também possuem missões próprias, que servem para que essa relação seja aprofundada, mas também são cruciais para que a gente saiba mais detalhes da história, e muitas delas são muito importantes para alguns acontecimentos da narrativa principal.

As facções trazem questões bem intensas para De Sardet, pois cada uma delas possuem características únicas. Algumas possuem total desprezo pelos nativos e só querem invadir as terras para explorar seus recursos, outras querem impor suas crenças nem que seja a força, já algumas querem pesquisar os nativos para descobrir se seu corpo é a resposta para a cura da Pestegris, e isso, muitas vezes, fere conceitos éticos. Mesmo que pareça que essas facções só possuem pessoas desagradáveis, podemos, no decorrer de suas missões, entender que algumas situações acontecem por falta de entendimento das diferenças vistas nos costumes dos nativos. Os nativos assumem, quase que na sua totalidade, uma postura defensiva, o que é compreensível depois de todo o sofrimento que estão passando por conta dos colonos, mas ainda assim encontramos líderes que possuem interesse em uma aliança de paz. Nada é preto no branco, e muitas vezes você se vê, literalmente, entre a cruz e a espada para tomar uma decisão.

GreedFall consegue enraizar o conceito de dar força e importância para as escolhas do jogador, de forma que realmente sentimos que nosso comportamento faz a diferença naquele mundo. O trabalho de trazer imersão para a trama proposta foi alcançada com muito sucesso pela Spiders, pois você realmente se sente parte daquele universo, se preocupando em como suas decisões irão impactar aquelas pessoas e suas vidas.

Um mapa interessante de explorar

Se a história e os personagens de GreedFall são interessantes de se explorar, o mesmo pode ser dito do seu mapa. A ilha de Teer Fradee, que é onde passaremos grande parte da aventura, é cheia dos seus mistérios e locais interessantes de conhecer. O grande mapa é dividido em sub-mapas, onde cada um possui suas próprias histórias e locais para descobrir, de forma que você se sente incentivado a explorar cada canto dos cenários em busca de uma caverna secreta, inimigos novos para enfrentar, segredos para descobrir sobre a enigmática ilha, e seus habitantes, e ainda adquirir itens e experiência para prosseguir em sua jornada.

Os cenários são bem diversificados, com cavernas, florestas, pântanos, praias, rios, postos avançados dos colonizadores e aldeias dos nativos. Sempre vai existir algo novo para encontrar. Além disso, o dinamismo da mudança dos cenários, com o sistema de dia e noite, faz que com a progressão sempre se renove, inclusive dentro de um mesmo mapa.

Quando precisamos transitar entre um mapa e outro, seja através da travessia normal ou com a Viagem Rápida, entramos em uma espécie de lobby durante o loading do mapa, que é bem interessante. Em GreedFall temos muitos recursos para administrar. Temos que conversar com nossos companheiros para estreitar a relação e desbloquear nova missões, criar poções e itens para combate, melhorar ou comprar itens, e até mesmo guardar equipamentos para não exceder o limite de peso, e ficar impossibilitado de correr. Essas pausas funcionam muito bem para isso, e foram um recurso bem inteligente para as, quase sempre, desinteressantes telas de carregamento.

A única coisa que me incomodou durante a exploração foi a ocorrência de paredes invisíveis que limitavam a minha exploração, ou a existência de barreiras em locais que eu claramente poderia passar, mas que o jogo me impedia, fazendo com que eu desse uma volta imensa e desnecessária para sair no mesmo lugar.

Jogabilidade

A jogabilidade em terceira pessoa de GreedFall para seu combate, e movimentação pelo mundo, é bem competente e apesar de ser simples, funciona muito bem. Quando iniciamos o jogo temos que escolher umas das três classes disponíveis, que são Técnica, Guerreiro, Magia. Essa escolha influência apenas a escolha dos atributos iniciais, pois vc tem liberdade de depois escolher se aventurar por qualquer uma dessas opções. No entanto, tenha atenção ao escolher onde gastar seus pontos, pois eles são limitados, e a árvore de habilidades possui bastante opções bem interessantes de habilidades passivas e ativas. Os pontos para o uso nas habilidades são ganhos sempre que subimos de nível, ou ao encontrar santuários espalhados pelos mapas.

Já para os pontos das árvores de Atributos e Talentos, a história é mais complicada. Nessas árvores os pontos são ganhos apenas ao chegar em determinados níveis, não permitindo que o jogo se torne fácil demais, e fazendo com que o jogador pense no que é mais importante para ele. Talentos são importantes para exploração e também para a narrativa. Carisma serve para aumentar as chances de sucesso nos diálogos e também para conseguir menores preços com os mercadores. Vigor para é essencial para ir em lugares de difícil acesso. Já Ciência te ajuda a criar melhores poções. Gazua é importante para arrombar baús e portas mais difíceis. A Intuição serve para identificar recursos de criação pelo mapa com facilidade. E Criação é útil para que você mesmo crie melhorias para armas e equipamentos. Esses Talentos também podem ser aumentados com alguns equipamentos.

Já os Atributos são necessários para usar melhores equipamentos e armas.

Alguns desses pontos de Talentos podem ser adquiridos ao manter um certo companheiro com você em combate, pois ao elevar esses amigos ao posto de aliado, algo que você consegue ao finalizar suas missões pessoais, eles te adicionam esse talento enquanto estiverem ao seu lado. O que é outra coisa a se pensar ao escolher quem sairá com você para as aventuras. Seja para receber um ponto extra para Carisma e se sair bem na diplomacia, ou quem sabe melhorar a Intuição e conseguir ver recursos com mais facilidade pelo mapa? Mais uma vez a escolha é sua.

As habilidades desses Companheiros não podem ser customizadas, elas são únicas e inerentes a cada um deles, então não espere nada muito complexo como em Dragon Age. No entanto, o jogo te dá liberdade de melhorar todo o equipamento deles, o que é essencial para facilitar a sua jornada, pois eles te ajudam bastante. Mesmo que a IA desligue algumas vezes, esses amigos conferem uma boa vantagem no campo de batalha, e merecem bons equipamentos.

Em relação ao combate, ele lembra um pouco o que vemos em The Witcher 3, onde temos liberdade de atacar e esquivar os inimigos, sem se preocupar com gerenciamento de estamina, por exemplo. E assim como o bruxão Geralt, De Sardet também precisa escolher bem uma série de poções, armadilhas, revestimentos para espadas, entre outras coisas, para facilitar sua jornada contra os inimigos. GreedFall te oferece diversas maneiras de enfrentar as batalhas, seja com força bruta e armas corpo-a-corpo, seja com armas de fogo, bombas e armadilhas para longo alcance, ou até mesmo o uso de magias para acabar com os inimigos sem nem chegar perto deles. O jogo ainda oferece uma espécie de pausa estratégica, mas seu uso é quase inexistente durante os combates, pois uma vez que você customize os 12 botões que GreedFall libera para você inserir poções, bombas, habilidades, e o mais variado tipo de ações, acabamos esquecendo o recurso da pausa.

Os inimigos são variados e contam com humanos, sejam mercenários, soldados e nativos da ilha, ou ainda animais selvagens de Teer Fradee. Mas também espere por grandes inimigos conhecidos como Nadáig, que se apresentam como criaturas rodeadas de um atmosfera sobrenatural e que oferecem grande desafio nas batalhas.

O sistema de criação do jogo funciona bem, e você pode usar as mesas, que existem em diversos pontos do mapa, para criar poções, armadilhas, revestimentos, melhorar armaduras e armas, e até mesmo criar itens de missão, o que vai te economizar alguma grana. Os itens para realizar essas criações podem ser encontrados pelos mapas durante a sua exploração, e alguns deles também podem ser comprados em alguns mercadores. Mas o dinheiro é escasso no mundo de GreedFall, então explore bem para conseguir esses recursos.

Gráficos e Som

GreedFall apresenta cenários bem diversos e com clima bem próprios do lugar que estamos explorando, sejam cavernas que parecem ter sido populadas por criaturas sobrenaturais, florestas ainda pouco exploradas pelos colonizadores, aldeias de nativos cheias das suas particularidades, e até mesmo grandes cidades, e seu contrastes com casas luxuosas e bairros carregados pela pobreza. A Spiders Studios teve grande cuidado em colocar diversos detalhes em cada ambiente, de forma a deixá-lo vivo para o jogador. O uso da tecnologia HDR também traz ainda mais brilho para o mundo de GreedFall, destacando as cores e a iluminação dos cenários. Os personagens também se parecem bem únicos trazendo características bem peculiares das suas nações e costumes.

É evidente que por se tratar de um título de uma produtora com menos recursos, podemos sentir uma necessidade de um polimento maior em algumas partes, principalmente na qualidade dos personagens em algumas cenas, mas nada que tire o brilho do jogo ou diminua a imersão do jogador. O desempenho é bom, de forma que não presenciei travamentos ou quedas de frames. Alguns pequenos bugs acontecem como um personagem flutuar ou alguma textura demorar a carregar, mas nada muito grave. No geral minha experiência no Xbox One X foi bem satisfatória.

A parte sonora de GreedFall é impressionante, desde a trilha sonora a até o trabalho impecável feito pela dublagem. As canções trazem o exato clima para cada situação, sejam os acontecimentos mais dramáticos, ou nos momentos onde o combate se intensifica, tudo é muito bem conduzido e de forma original por Olivier Deriviere, que também deixou a sua marca única em jogos recentes como A Plague Tale: Innocence e Vampyr.

A dublagem, como dito acima, é impecável, com vozes que realmente trazem a personalidade de cada personagem, nos passando com clareza sua forma de ver o mundo e de interagir com os outros ao seu redor. Além disso, foi dada uma atenção especial aos sotaques, seja para os continentais que estão chegando na ilha, quanto para o dialeto existente em Teer Fradee com seu estilo diferente de pronunciar as palavras, e até mesmo introduzindo palavras únicas do seu povo. Uma pena que em diversos momentos existem bugs no som, que corta algumas falas no seu final, mas nada que não possa ser corrigido com uma atualização.

Algo muito importante a ressaltar é que o jogo possui legendas e menus em Português do Brasil, proporcionando um total entendimento da narrativa e suas falas, algo essencial em jogos desse estilo.

Opinião

GreedFall é uma grande experiência para os fãs de um bom RPG centrado na criação de relacionamentos, oferecendo missões e personagens memoráveis, que certamente ficarão na sua memória. O combate é divertido e cheio de opções para o jogador, onde assim como a sua narrativa confere total liberdade para criarmos nossa jornada. Graficamente o jogo é bonito, e seus cenários se apresentam bem na grande maioria do tempo. A dublagem está impecável e mergulha o jogador de cabeça no universo criado.

Se a Spiders Studios não convenceu muito com o seu The Technomancer, com GreedFall ela se juntou novamente a Focus Home para demonstrar que tem muito a oferecer no futuro, pois apresentaram um projeto ambicioso e bem interessante, mesmo com suas limitações financeiras. Já estou ansiosa pelo que pode surgir nas próximas produções.

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About Author

Administradora de Empresas, mas apaixonada pelo mundo dos games e pelo Xbox!Fã da incrível e complexa franquia Halo e de seu icônico líder, o Master Chief. Também apaixonada por Dragon Age e seu universo magnífico. Ahhh e quem disse que Dark Souls não é divertido? :DSempre ligada nas notícias e novidades do lado verde da força!

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