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Lançado em abril de 2018 para PC, Frostpunk foi aclamado pela crítica e comunidade. O jogo de estratégia pós-apocalíptico tenta agora conquistar os fãs de console, trazendo uma jogabilidade totalmente adaptada para controles. Será ele capaz de conquistar o público dos consoles, onde o gênero citybuilder não é tão popular? Confira em nossa análise.

Apocalipse gelado

Em Frostpunk, uma calamidade climática devastou praticamente toda a vida na Terra com um resfriamento global. Você comanda um grupo de sobreviventes que partiu de Londres em busca de novo lar para sobreviver. Ao encontrar um misterioso mecanismo capaz de gerar energia e calor, a esperança de que a humanidade conseguirá passar por mais essa adversidade retorna.

Criar um novo lar devemos

É neste cenário que o jogador terá de criar uma nova sociedade. Mais do que um simples jogo de estratégia, ele possui fortes elementos do gênero survival. Você precisará administrar bem alojamento para todos os colonos, comida, local para tratamento de doentes, enfim, o básico do básico para sobreviver. Claro, não esquecendo de manter todos aquecidos para não morrerem no frio congelante.

Mas o que torna o jogo da 11Bits uma experiência única é, de longe, seu poder de decisão. Em Frostpunk, o povo tem voz. Em diversos momentos o jogo lhe “presenteará” com situações, em que você deverá tomar a decisão final. Situações, no mínimo, delicadas, o qual falaremos mais para frente.

A lei é para todos

Uma das sacadas mais brilhantes em Frostpunk é o Livro de Leis. Um tipo de árvore de habilidades para sua comunidade sobreviver ao apocalipse. Você pode garantir ótimas vantagens, como criação de engenheiros, médicos, ou fórmulas para que seus recursos durem mais. Todavia, o ganho da habilidade não vem de graça. Afinal, não existe lei que agrade a todos, caso contrário não existiriam infrações.

Leis e mais leis

Por exemplo, hora extra de trabalho. O jogo possui um ciclo de dia e noite. Os trabalhadores trabalham de dia e folgam a noite. Nada de novo aqui. Mas se sua produção de recursos não consegue suprir a necessidade de sua comunidade e você não tem mais mão de obra para aumentar a produção, como fazer? Cria uma lei para hora extra. Você ganha mais algumas horas na parte da noite, assim aumentando sua produção? É claro que nem todos ficam felizes com tal decisão, mas é o sacrifício em prol da sobrevivência. 

Outro exemplo, o que fazer com as crianças? Está faltando mão de obra, que tal colocá-las para ajudar no trabalho? Sim, estamos falando de trabalho infantil. Imagine o descontento das mães. “Ah, mas precisamos fazer sacrifícios para sobreviver. E vamos deixar as crianças com trabalhos mais leves”. Resolve em parte o problema da produção, mas ainda gera descontentamento.

Se conselho fosse bom…

Difícil, não é? O mais bacana é que a 11Bits oferece mais de um caminho para resolver um problema com uma Lei. Voltando ao exemplo da falta de recursos acima. Você pode criar um abrigo para crianças. Isso umenta a esperanças, pois os pais poderiam trabalhar despreocupados, mas em contrapartida gera descontentamento daqueles que acham que os pequenos deveriam ajudar no trabalho, e não “vadiando”. No entanto, criando um abrigo para as crianças abre a possibilidade de uma nova Lei, onde as crianças deverão estudar nos abrigos e assim podem tornar-se médicos ou engenheiros. Você cria um especialista que equivale a vários trabalhadores e assim pode aumentar a produção.

Há um equilíbrio interessante no Livro de Leis que deve ser usado com todo cuidado, pois uma vez validada, a lei não pode mais ser desfeita. E acredite, isso é só a ponta do iceberg.

Uma experiência intensa

Frostpunk é, de longe, o jogo mais difícil que analisei este ano. E olha que fiz análise de Sekiro: Shadows Die Twice. É até estranho imaginar um jogo do gênero citybuilder desbancar um título da From Software, mas com os relatos que farei você conseguirá imaginar.

Após entender o básico com o tutorial do jogo, comecei a dar rumo aos meus sobreviventes. No modo história, existem alguns objetivos que devem ser completados. Tratei de começar por ali. Coloquei a maioria para trabalhar na produção de carvão, para que ninguém morresse de frio. Conforme os objetivos mudavam, comecei a perceber alguns problemas.

A treta comendo solta

Nem tudo estava tão claro na HUD. Quando foi necessário criar uma cozinha ou posto médico, acabei demorando um bom tempo até achar onde ficavam essas opções, visto que não fora mostrado no tutorial. Assim, vi o estoque de comida acabar ou pessoas morrerem por falta de tratamento médico. Resolvi recomeçar. Após algumas tentativas já estava familiarizado com os comandos e pronto para tudo.

Doce ilusão. Na minha primeira tentativa “agora vai”, tratei de fazer tudo que o povo mandava. Acabei gastando todos meus recursos sem perceber e sem conseguir criar formas de tornar a comunidade autossustentável. A segunda tentativa “agora vai” fui mais frio. Praticamente ignorei o comando do povo, dando ouvido somente a questões extremas. A comunidade evoluiu de forma surpreendente, mas o descontentamento acompanhava paralelamente, chegando ao ponto de me darem um ultimato. Era necessário diminuir a insatisfação do povo. Eu até tentava, mas a bola de neve já estava formada. Fui mandado embora novamente.

Ajuda chegando

Na terceira tentativa foi quase perfeita. Conseguia equilibrar progresso sem deixar o povo irado. Mas aí, Frostpunk deu um jeito de me lembrar por que era um jogo tão difícil. Uma mudança pegou todos de forma inesperada: -120ºC!

Vários trabalhadores morreram congelados. Eu não tinha melhorado o gerador para aguentar tal temperatura. Com a perda dos trabalhadores a produção de recursos caiu e não conseguia suprir mais o povo. Larguei o controle e só assistir tudo ruir novamente. Como o meme do Wagner Moura em Narcos.

Que tipo de líder você será?

Sim! Até a presente data não consegui finalizar o jogo. A parada é tão extrema que nem conquista ganhei nas inúmeras tentativas sem sucesso. O que não é um problema para mim, que ainda sigo tentando superar Frostpunk. Infelizmente, é uma característica que pode afastar uma boa parcela dos jogadores, pois nem todos terão a paciência de recomeçar após um período de desatenção levar todo seu progresso embora.

Gráfico e som

Uma das coisas que sempre gostei em citybuilders é assistir a vida acontecer. Povo indo trabalhar. Uma obra ocorrendo. Brincar de Deus. Frostpunk consegue cumprir isso nos mínimos detalhes. Como quando trabalhadores vão trabalhar. É preciso limpar a neve do percursos pela primeira vez, o que torna sua chegada mais lenta. Cria uma rua e tudo fica mais fácil. Porém, se não houver uma fonte de calor próxima durante nevascas, as rotas voltam a ser tomada por neve.

Uma tela que você verá varias vezes

A parte sonora não fica atrás. Você consegue ouvir o barulho das máquinas a vapor trabalhando. E nas nevascas? A melodia muda dando um ar mais tenso a tudo. Como se tudo já não fosse tenso no seu estado normal.

O jogo chega legendado em nosso idioma e, felizmente, sem erros de tradução, como ocorrem na maioria dos jogos indie.

Opinião

Desafiador e viciante. Essas seriam as palavras que podem definir Frostpunk: Console Edition tranquilamente. A aventura é intensa e é preciso sempre ficar alerta para sobreviver neste mundo congelante. Mesmo com o desafio de mudar todo o mapa de comandos para o controle do console, a 11Bits deu conta do recado. O jogo ainda vem com tudo que fora lançado para PC, proporcionando mais horas de jogatinas para os fãs do gênero.

Em contrapartida, o desafio exacerbado certamente torna-se um contra para quem não tiver como dedicar-se ao jogo. Os fracassos serão inúmeros e nem todos estão dispostos a recomeçar várias e várias vezes. Alguns elementos da HUD não estão evidentes e não estranhe se você acabar perdido atrás de algum objeto.

Entenda nossas notas

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About Author

Aficionado pela cultura geek. Se o cinema é a sétima arte, os games são a oitava. Entrou no mundo dos consoles no NES e desde então vem acompanhando a geração dos games até o Xbox One. Caçador de indies, nas horas vagas tenta ser biólogo.

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