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Quando Dungeons & Dragons: Dark Alliance foi revelado eu fiquei automaticamente interessada. Eu gosto muito do universo de D&D, e poder viver um pouco disso, dentro de um RPG de ação, me vendeu a ideia na hora. Juntar os amigos para enfrentar monstros característicos desse universo, dentro de ambientes muito conhecidos da saga, parecia uma ideia realmente simples e, igualmente, interessante. Assumimos o papel de Drizzt, Cattie-brie, Bruenor e Wulfgar, que estão tentando acabar com um ataque de monstros que invadiram Icewind Dale em busca de um poderoso artefato, conhecido como Fragmento do Cristal.

O jogo é uma criação da Tuque Games, que é um estúdio pouco conhecido, mas que estava com um grande potencial em mãos. Será que eles conseguiram explorar tudo isso em sua versão para D&D?

História

Em Dungeons & Dragons: Dark Alliance acompanhamos um lendário bando de aventureiros liderados pelo icônico personagem de D&D Drizzt Do’urden, que possui ao seu lado as lendas Catti-brie, Wulfgar e Bruenor Battlehammer. Exploramos ambientes variados da famosa Icewind Dale, onde iremos avançar com nossos companheiros para destruir diversas criaturas que convergiram para lá em busca do poder do Fragmento de Cristal. Além disso, ainda existe um colossal dragão branco antigo, que não está gostando nada da nossa invasão ao seu vale. Precisaremos passar por todas essas dificuldades para não só salvar Icewind Dale, mas provavelmente todo o mundo, caso o Fragmento de Cristal caia em mãos erradas.

A história começa bem, com uma bela cinemática de introdução, que apresenta bem os personagens e suas motivações. No entanto, depois disso ficamos sendo atualizados pela trama com breves bate-papos entres os companions durante as missões e com curtas cenas durante alguns acontecimentos, o que tira muito o peso narrativo e também a importância de um mundo que merecia ser bem explorado. A trama, os personagens, os ambientes, está tudo ali, mas a Tuque Games não soube, ou não quis, ir mais fundo para enriquecer a história. Eu entendo perfeitamente que em jogos desse estilo o foco é a sua jogabilidade, mas quando ele carrega um nome tão grande como Dungeons & Dragons você espera bem mais e, infelizmente, em Dark Alliance você recebe muito pouco, o que foi uma decepção para mim.

Quanto as missões, elas são lineares, mas até que divertidas. Caso você preste bastante atenção nos diálogos de abertura de cada ato, você consegue ir um pouco mais fundo nesse mundo, conhecendo mais dos personagens e o que eles pensam daquilo que estamos vivenciando, além disso muitos deles possuem um senso de humor delicioso. Uma pena que são diálogos que ocorrem enquanto estamos no meio da exploração e que podem passar batido pelos menos atenciosos ou que estão focados em explorar os mapas.

Ao todo existem quatro missões de história e três masmorras, onde cada uma delas possui três atos. Elas sempre seguem o mesmo escopo de dois atos com exploração e um com um grande boss para derrotar. Cada uma dessas missões possui inimigos próprios, mas todos possuem algo em comum: os odiosos goblins. E eles estão por todas as partes. O caminho dessas missões é linear, com algumas áreas secretas com puzzles que garantem pontos de atributos, baús, itens de lore e ouro, mas o caminho é, essencialmente, apenas um.

Jogabilidade

O estilo de gameplay de Dark Alliance é bem simples e direto. Vá para as missões, elimine diversos inimigos com suas habilidades e chegue ao ponto final. Os mais atentos ainda podem encontrar segredos e tesouros adicionais.

Para os personagens temos quatro classes com estilos de combate bem distintos. O famigerado Drizzt Do’urden é o que chamamos de ladino, muito ágil, ele empunha duas cimitarras e também pode utilizar habilidades como ficar invisível. Já Catti-brie é a arqueira que está sempre a distância destruindo seus inimigos, mas ela também possui bons ataques corpo-a-corpo e pode curar seu grupo. O guerreiro ganha vida com Wulfgar que com sua fúria pode se tornar uma verdadeira força de destruição usando seu martelo gigante. Por fim, tínhamos que ter o tank, e para a importante função temos Bruenor Battlehammer, que segura os inimigos com seu escudo e ainda pode curar e recuperar estamina dos seus companheiros. Algo que fez muita falta dentre essas classes foi a opção de um mago, pois magia é algo muito presente no mundo de D&D e foi estranho não existir um personagem voltado para isso no jogo. O estúdio confirmou que irá adicionar o mago no primeiro DLC pago que irão lançar ainda em 2021.

Após escolher seu personagem você irá para o seu acampamento em Kelvin’s Cairn, que é o local para você iniciar suas missões, testar as habilidades do seu personagem, além de poder vender itens e melhorar equipamentos e consumíveis. Também existe nele uma área de troféus para visualizar os chefões que você derrotou e o grande baú com os itens ganhos na missão. Nessa área segura também é possível adquirir novas habilidades, atribuir pontos de talentos, alterar seu equipamento e também as habilidades que irá usar. É um local muito importante para sua jornada, uma vez que tudo o que citei acima só poderá ser configurado no acampamento.

Quanto a progressão de personagem, existem diversas maneiras de melhorar sua performance. Os recursos mais básicos são os pontos de atributo para status como Força, Destreza, Constituição, e por aí vai, que você recebe ao subir de nível e também ao completar puzzles secretos escondidos pelos mapas. Também existem os golpes e habilidades que você adquire com Gold para variar as suas opções de combate. Por fim, temos os talentos, cujos pontos ganhamos ao subir de nível e servem para desbloquear diversos efeitos passivos.

Outra forma de melhorar seu herói são os equipamentos que você adquire durante as missões. Eles possuem diversos níveis de raridade e categoria, e muitos deles se beneficiam de efeitos de set, para cada 3, 5 e 8 peças que você equipa de um mesmo conjunto. Esses itens também podem ser melhorados em até três níveis, melhorando seus atributos. Um sistema bem desenvolvido, que oferece liberdade para as mais diversas builds. Ele é simples para os novatos, mas possui muito espaço para aqueles que querem mergulhar mais fundo em suas possibilidades.

O combate de Dungeons & Dragons: Dark Alliance segue o já manjado lema de “fácil de aprender, difícil de dominar”. Você pode ir do começo ao fim, sem variar muitos seus ataques, mas também pode aproveitar cada um deles para transformar cada batalha em grandes espetáculos de habilidades e Combos. Você começa com poucas opções, mas conforme desbloqueia os golpes, o combate vai se transformando substancialmente. Mas não vá com tanta sede ao pote nas batalhas, pois existe o custo de estamina para seus ataques, e se ela não for bem gerenciada pode te deixar em uma situação de muito risco. Também existe defesa e esquiva para um combate mais completo.

Os comandos são muito intuitivos e funcionam bem durante boa parte do tempo, mas existem problemas graves no que diz respeito ao combate. Primeiro, ele é pouco responsivo. Não sei se o problema era o hitbox desajustado ou algum tipo de lag, mas por diversas vezes não sentia meus golpes nos inimigos, e era constantemente alvejada por golpes que eu tinha certeza que já havia esquivado. Isso causou algumas mortes desnecessárias, o que tirou boa parte da diversão de algumas batalhas. Os combos de equipe também raramente funcionavam corretamente, ou simplesmente só apareciam na tela quando a luta já havia terminado. Um sistema muito interessante, mas extremamente mal implementado.

Um ponto forte de Dark Alliance são os seus monstros, pois existe uma boa variedade deles, e muitos deles possuem ataques completamente únicos, trazendo uma boa dinâmica e imprevisibilidade para as batalhas. A Tuque Games fez o trabalho de casa e trouxe um rico bestiário de D&D. Temos dragão, beholder, duergar, gigantes, trolls, espectros e muitos goblins nefastos. Existe uma certa repetição exagerada de alguns tipos de bosses que poderia ter sido evitada, mas a variedade no geral é muito boa.

Após terminar as missões, bem como as Masmorras, finalizamos a trama central do jogo. Mas o que vem depois? Qual é o endgame de Dark Alliance? Basicamente, ele oferece a oportunidade de buscar equipamentos mais fortes, bem como se aventurar para fechar sets completos nos mesmos mapas que você já jogou, mas agora buscando dificuldades maiores para recompensas mais poderosas. Um sistema simplório de endgame, mas satisfatório para quem juntar os amigos e tentar alcançar o máximo de potencial para seu personagem.

Aventura Cooperativa

Suas aventuras em Dungeons & Dragons: Dark Alliance podem acontecer em modo solo ou em grupo de até quatro jogadores. O jogo foi claramente pensado com o modo cooperativo como base, pois o jogo parece natural com amigos. Podemos realizar combos e estratégias de grupo, além da dificuldade parecer ser mais natural quando estamos acompanhados. Dark Alliance fica claramente mais difícil se jogado solo.

Você pode aproveitar o jogo totalmente sozinho, mas fica a sensação de que estamos perdendo algo. Ele usa o sistema de amarração, no qual caso um jogador fique muito distante do host, ele será teleportado para o líder após uma contagem de alguns segundos.

As sessões para as partidas são criadas a partir do acampamento onde podemos convidar nossos amigos. Também é possível entrar em partidas aleatórias ou deixar a sua sessão aberta para que outros jogadores entrem. Nos primeiros dias, ao terminar uma missão, sempre era necessário criar a sessão novamente, mas isso foi se tornando menos recorrente com o passar do tempo, conforme as atualizações foram sendo implementadas. No geral é simples jogar com os amigos, só senti falta de poder chamar diretamente pelo jogo e não pela lista da Xbox Live. Ele também possui crossplay com PC, o que expande bem a base de jogadores.

Dark aliance também receberá suporte no Xbox Series X|S para co-op local, ou co-op de sofá, em sua primeira grande atualização gratuita de conteúdo.

Gráficos e Som

Um aspecto realmente bom de Dungeons & Dragons: Dark Alliance sãos os seus cenários. Eles são muito bonitos e cheios de detalhes. Os desenvolvedores mostraram capricho ao trazer uma forte atmosfera de D&D. Icewind Dale é um local belíssimo, cheio de estruturas e ambientes que nos transportam para aquele reino de fantasia. A imensidão dos ambientes também impressiona, com uma arte incrível tanto em cenários próximos quanto em paisagens mais distantes. Essa foi uma das mais belas recriações dos Reinos Esquecidos (Forgotten Realms) que já vi em um jogo, com belos cenários como Kelvin’s Cairn, Hinterlands e Dwarven Valley. Ele se aproveita bem de recursos como o HDR, e ganha ainda mais vida com cores vibrantes e uma iluminação bem inserida.

No Xbox Series X os loadings são muito rápidos e o jogo se manteve sempre estável com seus 4K/60FPS, mesmo em batalhas com muitos monstros ou efeitos na tela. Ainda assim, Dark Alliance trouxe alguns problemas irritantes, como objetos de missões para progredir nos mapas que não podemos interagir, sendo algo que em uma certa ocasião nos obrigou a morrer para começar aquela área novamente. Andar em elevadores também é problemático, pois claramente vemos que não houve um time de qualidade para perceber a animação ruim. O efeito “Silenciado” que recebemos dos inimigos, e que nos impossibilita de usar habilidades, também trouxe grandes problemas, pois em diversas ocasiões ele simplesmente não desativava mais.

O jogo possui um potencial gigante e é mostrado com grande beleza, mas esses problemas técnicos cansam e tiram muito do brilho que ele poderia levar para os jogadores. Me parece mais daqueles casos de jogos que precisavam de mais tempo para realmente ficarem prontos, mas que o estúdio precisava lançar na data prevista, mesmo que ajustes ainda fossem necessários.

Quanto ao som, o jogo possui bons temas, mas nada muito marcante. As vozes são boas e combinam bem com os personagens, uma pena que não escutamos mais delas em cenas de história. O jogo possui legendas e menus em português do Brasil, então você não terá grandes problemas para entender a história ou suas mecânicas.

Opinião

Dungeons & Dragons: Dark Alliance pode ser descrito como um jogo que buscou mostrar ao máximo uma bela visão do universo de D&D em um jogo de ação cooperativo, mas ficou claro que talvez fosse necessário um pouco mais de tempo para entregar uma experiência mais polida.

Ele possui uma ambientação belíssima, com uma boa variedade de cenários e monstros, além de heróis bem variados e com uma história interessante. Uma pena que o estúdio parece tímido ao explorar mais desse universo, trazendo uma história rasa e personagens que não são bem explorados, nunca realmente mergulhando na fantasia de D&D. O combate é divertido e realmente possui muitas possibilidades de abordar as batalhas, mas careceu de mais polimento para oferecer uma experiência realmente responsiva aos comandos.

Apesar de seus problemas, Dark Alliance ainda oferece uma boa opção de RPG de ação para aproveitar de forma descompromissada com os amigos, pois existe sim um certo charme em explorar essa versão de Icewind Dale. O melhor de tudo, é que ele está no Xbox Game Pass, então caso seja assinante vale a pena testar para conhecer melhor essa proposta.

Entenda nossas notas

Dungeons & Dragons: Dark Alliance está disponível para Xbox One, Xbox Series X|S, Xbox Game Pass e Xbox Cloud Gaming.



*Certifique que este é o preço praticado antes de efetuar a compra. Os valores podem variar.

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About Author

Administradora de Empresas, mas apaixonada pelo mundo dos games e pelo Xbox!Fã da incrível e complexa franquia Halo e de seu icônico líder, o Master Chief. Também apaixonada por Dragon Age e seu universo magnífico. Ahhh e quem disse que Dark Souls não é divertido? :DSempre ligada nas notícias e novidades do lado verde da força!

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