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Twelve Minutes se trata de um thriller interativo que chega com a interessante ideia mostrar um homem preso em um loop temporal. Acompanhamos a angustiante trama de um marido tentando escapar de uma repetição de acontecimentos na qual ele e sua esposa são continuamente assassinados por um policial, que acusa sua parceira do assassinato do próprio pai. Uma premissa intrigante e tensa, que dentro de um ambiente minimalista, potencializa, ainda mais, cada escolha e acontecimento.

Criado por Luis Antonio e publicado pela Annapurna Interactive, o jogo se arrisca para trazer algo diferente para a indústria de games. Será que na prática toda essa ideia peculiar funciona? Confira em nossa análise.

Uma narrativa inesperadamente intensa

Começamos a jornada por Twelve Minutes sem nenhuma informação. Nosso personagem, o marido, chega em casa, após um dia de trabalho, e é recebido por sua esposa, que fez uma sobremesa para revelar alguma surpresa. Eles conversam animados e de forma carinhosa, até que o tempo passa e o inesperado começa a acontecer. Um policial toca a campainha e acusa a esposa de ser a assassina de seu próprio pai. Nos desentendemos com ele, que nos mata, e é então que o loop começa. 12 horas ele se inicia, 12:05 o policial chega e 12:12 ele se encerra para começar todo o ciclo novamente. O objetivo é claro: precisamos encontrar uma maneira de encerrar esse ciclo. Daí em diante embarcamos em uma tensa montanha-russa cheia de acontecimentos inesperados.

Vou ser o mais vaga possível acerca dos acontecimentos, pois a maior graça da experiência é a descoberta de cada jogador. O português Luis Antonio consegue com simplicidade apresentar temas delicados e polêmicos, nos fazendo experimentar uma série de situações e sentimentos, que podem ser a alegria de descobertas, o amor de um casal, a rotina do dia-a-dia, mas também violência, submissão, desespero. Cada nova descoberta abre uma possibilidade para encerrar o loop, mas algumas vezes somos obrigados e tomar decisões delicadas, mesmo que não queiramos. Esse é o ponto de ruptura da narrativa de Twelve Minutes. Ela é corajosa, despojada, mas também carece de certas liberdades, como te oferecer a opção de agir de uma forma diferente da já pré-determinada para chegar em uma pista. Algumas dessas situações podem gerar um grande desconforto em alguns jogadores. A narrativa é bem adulta, mas poderia haver um aviso de conteúdo antes, para não ativar alguns gatilhos desconfortáveis. Isso não tira o brilho narrativo do título, mas seria bom um cuidado maior com temas tão delicados.

Mergulhar na ideia do loop temporal é muito interessante. Cada pequeno detalhe que encontramos nos faz desbloquear novas opções de diálogo, que irão nos aproximar mais dos desfechos propostos. Quanto mais avançamos, mais a trama se torna sombria e intensa, com reviravoltas totalmente inesperadas. Cada descoberta traz uma real sensação de avanço e de que estamos mais perto de dar um fim a aquele pesadelo. No entanto, mais para o final do jogo, os diálogos se tornam muito repetitivos, pois como precisamos de poucos detalhes para fechar o quebra-cabeça, precisamos repassar muitas vezes pelos mesmo diálogos, tornando os ciclos finais cansativos, o que é uma pena visto que a construção de toda a trama possui uma crescente deliciosa de expectativa.

Um loop de criatividade

Não é apenas a narrativa de Twelve Minutes que está focada na ideia do loop temporal, mas toda a sua jogabilidade também. O jogo se trata de um título de aventura com estrutura point-and-click, no qual basicamente precisamos explorar o ambiente em busca de qualquer tipo de pista, seja em um objeto, acontecimento ou diálogo. Essa estrutura nos convida a exploração minuciosa, mas sempre com o senso de urgência latente, pois em pouco tempo a campainha vai tocar e o policial irá chegar com suas acusações e violência. Olhando os acontecimentos de cima, parece que somos os maestros de um grande palco, onde precisamos gerenciar as complicadas situações de forma mais rápida e eficiente possível.

Tanto a estrutura quanto os comandos são simples, te deixando bastante a vontade para mergulhar de cabeça em toda a proposta. A simplicidade é a grande aliada de Twelve Minutes, pois colabora para nos deixar totalmente imersos em sua proposta, além de ressaltar toda a criatividade do autor em contar sua história.

Não espere por um jogo que vai segurar em sua mão e te dizer exatamente o que fazer, pois a ideia é que você quebre a cabeça para descobrir como avançar. Isso torna Twelve Minutes bastante complexo, mas essa subjetividade é a sua maior força. É viciante testar combinações e teorias do que pode funcionar para você conseguir ir adiante. Apesar dessas instruções praticamente inexistentes, você rapidamente entende como tudo funciona.

Para chegar em uma espécie de final, aquele quando os créditos sobem, você pode demorar cerca de 5 horas, mas esse tempo pode aumentar consideravelmente caso tente alguns outros desfechos, alguns deles inclusive acontecendo bem no meio da progressão. Para a sua proposta, eu achei o tempo bom, pois já havia uma certa repetição mais para o final, que citei acima, que caso o jogo fosse mais longo poderia torná-lo enjoativo.

Cenário minimalista e elenco de estrelas

Um jogo com um foco tão grande em sua narrativa demanda um bom elenco de atores para potencializar os acontecimentos que vemos na tela, de forma que aquilo tenha um impacto real em nossa experiência. Twelve Minutes traz grandes estrelas do cinema para conduzir seus personagens. James McAvoy (franquia X-Men) encara o papel do marido, Daisy Ridley (Star Wars: The Rise of Skywalker, Star Wars: The Last Jedi, Star Wars: The Force Awakens) fica responsável pela esposa e Willem Dafoe, um veterano do cinema, dá vida ao sombrio policial.

O elenco está muito confortável em seus papéis e conseguem dar ainda mais força aos diálogos, que se transformam a cada nova informação que adicionamos ao loop. A dublagem está excelente transparecendo bem as emoções de cada momento, com interpretações expressivas. Apesar de sempre estarmos olhando as cenas de cima, existe um bom trabalho de animação, de forma que o jogo consegue transmitir muito bem cada momento, seja os mais brutais, sensíveis, calmos ou simples do dia-a-dia do casal.

Os cenários são minimalistas, e cada cômodo do apartamento do casal é focado na simplicidade. A escolha foi claramente feita para que o jogador conseguisse se atentar aos detalhes e assim sentir como cada pequena interação poderia ser mais uma pista para trazer novas informações para o próximo loop. Esse minimalismo também intensifica a sensação de urgência da narrativa, nos fazendo transitar por cada parte da casa para achar rápido uma forma de sair da roda temporal.

Durante toda a minha experiência, jogando em um Xbox Series X, o jogo rodou bem suave. Os únicos problemas que encontrei foi uma vez que o jogo simplesmente fechou no final de um loop, me obrigando a repeti-lo todo novamente, e algumas poucas vezes nas quais o policial ficou preso no corpo de alguém, andando no mesmo lugar sem continuar suas falas. Foram poucos problemas, e de uma forma geral o desempenho foi muito bom.

A trilha sonora faz um trabalho sútil, se elevando, diminuindo ou desaparecendo totalmente conforme a trama pede. O jogo está todo legendado e com menus em Português do Brasil, possibilitando que todos consigam explorar bem sua história.

Opinião

Twelve Minutes oferece uma experiência profunda e corajosa, que não tem medo te tocar em assuntos delicados. Talvez um pouco mais de cuidado para apresentar alguns acontecimentos, ou adicionar formas alternativas de chegar em uma pista, manteria o mesmo peso narrativo, mas sem colocar o jogador no centro da ação de algumas cenas sensíveis. O excesso de repetição mais perto do final também joga contra toda a proposta narrativa, mas de uma forma geral o jogo é bom.

A ideia de nos colocar no centro de uma mecânica de loop, onde precisamos correr contra o tempo para quebrar esse ciclo, enquanto vivenciamos situações delicadas e até mesmo sombrias, é muito bem construída pelo desenvolvedor Luis Antonio, que nos deixa sedentos para descobrir o que diabos está acontecendo ali. Mesmo após finalizá-lo você se pegará por várias vezes pensando em tudo o que aconteceu.

Twelve Minutes está disponível para Xbox Series X|S, Xbox One, Xbox Game Pass e Steam.

Entenda nossas notas


*Certifique que este é o preço praticado antes de efetuar a compra. Os valores podem variar.

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About Author

Administradora de Empresas, mas apaixonada pelo mundo dos games e pelo Xbox!Fã da incrível e complexa franquia Halo e de seu icônico líder, o Master Chief. Também apaixonada por Dragon Age e seu universo magnífico. Ahhh e quem disse que Dark Souls não é divertido? :DSempre ligada nas notícias e novidades do lado verde da força!

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