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Quando a Ubisoft anunciou seus planos para o pós-lançamento de Far Cry 6, algo roubou toda a atenção do público, e se tratava de conteúdos voltados para os icônicos vilões de jogos passados. Sim, estou falando de colocar o jogador na pele de figuras transtornadas como Vaas Montenegro, Pagan Min e Joseph Seed.

Lançados em formato de episódios, essas expansões da experiência do jogo finalmente receberam seu último episódio, e vamos analisar se toda essa experiência, que mistura vilões cheios de personalidade da franquia Far Cry com uma inesperada mecânica Roguelite, valeu a pena.

A insanidade de Vaas Montenegro

Começamos entrando na mente de Vaas Montenegro, o famoso vilão de Far Cry 3, considerado por muitos como um dos personagens mais marcantes de toda a franquia. Após sua morte, Vaas é levado a viver uma batalha constante contra seus demônios interiores, ao mesmo tempo que busca fugir de sua mente claramente perturbada.

Quem narra essa aventura para Vaas, dizendo onde e quais tarefas ele precisa fazer, é sua irmã Citra, outra velha conhecida de Far Cry 3. Ele precisa encontrar três partes da famosa Lâmina do Dragão Prateado, que estão espalhadas em uma versão bizarra das Ilhas Rook. Enquanto busca alcançar seus objetivos, Vaas é constantemente insultado, e até mesmo encorajado, por Citra, ilustrando bem o relacionamento, no mínimo, conturbado que eles viviam. Ao mesmo tempo que ela insulta seu irmão, destacando suas falhas e fraquezas, ela também relembra sua força, lhe dando incentivo para fugir dessa armadilha em sua mente. Como cereja do bolo temos Jason Brody, o grande nêmesis de Vaas também é seu grande inimigo em sua mente desiquilibrada.

Vaas: Insanidade nos oferece uma oportunidade de ouro para conhecer mais da história do vilão, destacando seus medos, traumas e motivações. Vaas continua insano como antes, mas agora conseguimos ver mais da sua sociopatia enraizada, e até mesmo como sua vida possui contornos trágicos. A Ubisoft não teve medo de tocar em assuntos realmente delicados e polêmicos, mas que são essenciais para entender toda a loucura do personagem. É realmente muito interessante viajar pela mente de Vaas enquanto ele mesmo faz comentários sarcásticos, e até mesmo cheios de ódio e tristeza, sobre os acontecimentos de sua vida.

Para reviver esse vilão tão marcante para a franquia, também temos o retorno de Michael Mando dando vida a Vaas Montenegro, oferecendo ainda mais imersão para esse mergulho em Far Cry 3.

O controle de Pagan Min

Depois foi a vez de entrarmos fundo da mente do narcisista Pagan Min, o vilão de Far Cry 4. Ele está preso dentro de uma versão distorcida de Kyrat, onde também enfrentará seus demônios, fantasmas de seu passado, além dele mesmo. Sua missão principal é juntar as três partes de sua máscara dourada.

Como o próprio nome do DLC destaca, o tema central está nas tentativas de Pagan controlar tudo ao seu redor, sejam situações ou pessoas. Lembrado como um ditador cheio de manias excêntricas, além de uma personalidade cruel e manipuladora, agora também podemos ir além dessa descrição, e então ver como ele se importava, de sua própria maneira, com sua amante Ishwari e a filha que tiveram juntos, Lakshmana. Além disso, também podemos ver como ele se se sentia em relação a Ajay Ghale, o protagonista de Far Cry 4, bem como seus embates com outros personagens como Mohan Ghale e Yuma Lau.

A mente de Pagan é um reflexo claro de um rei megalomaníaco, com muito ouro em tudo quanto é lugar, estátuas gigantes de sua figura, além de imagens gigantescas de si próprio exaltando seu complexo de narciso. O conteúdo também é certeiro em mostrar mais da trajetória do vilão, com sua vida familiar conturbada e a ascensão sangrenta ao trono de Kyrat.

Pagan Min teve a ingrata missão de vir logo depois do sucesso estrondoso de Vaas, na época do lançamento de Far Cry 4, o que fez com que muitos torcessem o nariz para ele, mas Pagan: Controle consegue enriquecer muito o personagem, destacando suas motivações e convicções deturpadas.

O Colapso de Joseph Seed

Fechando todo o conteúdo dos vilões em Far Cry 6, temos o retorno do Pai Joseph Seed, que levantou temas religiosos polêmicos em Far Cry 5. Toda a ambientação de sua mente está situada, é claro, em Hope County, onde o vilão precisa lutar contra seus próprios antigos seguidores e até mesmo seus familiares. Ele também trava uma luta contra ele próprio, em uma perturbada jornada para eliminar seus demônios interiores. Para tal, ele precisa reunir as três partes fragmentadas da cruz quebrada e assim ativar sua revelação final.

Joseph se apresenta como uma figura arrependida de seus atos, completamente transtornado pelo que fez no final de Far Cry 5 e com a fé abalada, como vemos em Far Cry New Dawn. Ele está furioso com Deus, pois acreditava estar fazendo o que Ele queria, mas acabou perdendo sua família e seus seguidores. Será que suas atitudes seriam mesmo frutos de uma conexão divina ou apenas interpretações equivocadas de “profecias”? Agora ele se questiona se fez a coisa certa, e nos leva em uma montanha-russa de sentimentos atribulados. Toda a jornada dentro de sua Mente é guiada pela Voz, que ele interpreta ser o próprio Deus tentando lhe oferecer revelações.

Joseph: Colapso é, de longe, o conteúdo mais pesado e tenso dos três DLCs. Não existem momentos descontraídos como nos outros, o foco está em potencializar o clima pesado durante toda a sua duração. Seed, para mim, sempre foi um vilão memorável, na verdade o meu favorito de toda a franquia, e foi muito bom conhecer um pouco mais da sua história.

Greb Bryk está de volta dando vida a Joseph com uma interpretação primorosa, que adiciona ainda mais imersão para toda a jornada.

Uma união inesperada de Far Cry e Roguelite

A última coisa que eu imaginava encontrar em Far Cry 6 seria um conteúdo Roguelite, e foi justamente isso que os DLCs dos vilões entregou. Quando começamos as Mentes, além de estarmos dentro do cenário característico de cada vilão, com seus inimigos próprios e desafios que fazem sentido dentro de sua história, todos possuem em comum a estrutura de todo esse teste. Começamos com uma pistola, precisamos explorar para encontrar novas armas e efeitos passivos temporários, e ainda acumular a moeda específica de cada DLC para desbloquear melhorias permanentes e melhorar nossas armas. Morreu? Começa tudo de novo.

Cada jornada é única. Você pode precisar de muitas tentativas para conseguir fazer o vilão escapar de sua própria mente ou pode fazer isso de primeira. Depende da sua habilidade ao explorar os cenários, além de sorte para encontrar Poderes bons, que te garantem melhorias para aquela tentativa. Além disso, investir bem sua grana, nas melhorias permanentes, é essencial para adquirir mais vida, itens de cura, furtividade aprimorada, e outras mais. As armas que você desbloqueou são perdidas quando você morre, mas os aprimoramentos que adquiriu para elas são permanentes, mas para pegar sua arma melhorada de volta precisará comprá-la novamente.

O mais legal desse conteúdo, e do gênero Roguelite, é que mesmo tendo que refazer tudo de novo quando morre, essas melhorias permanentes trazem um bom sentimento de progressão, tirando a sensação de tempo perdido.

Cada conteúdo possui um desafio específico para seu vilão. Para Vaas temos os testes de Citra, onde bebemos um líquido e somos transportados para arenas onde cada uma delas possuem um desafio específico proposto por sua irmã. Os diálogos entre ambos nesses testes são muito bem escritos e destacam bastante o relacionamento um tanto quanto doentio entre eles. Já para Pagan Min, foi enfatizada sua obsessão com sua própria imagem, e devemos ficar em uma área próxima de uma gigante estátua de ouro sua que seus inimigos sujaram, até que ela seja restaurada, mas enquanto isso devemos eliminar uma bela horda de inimigos, incluindo Ajay Ghale. Por fim, para Joseph Seed sobrou a missão de enfrentar provações contra seus irmãos para também libertá-los de seus tormentos.

Ainda existe uma dinâmica voltada para a noite, na qual quando anoitece fantasmas surgem para aterrorizar os vilões e atormentá-los. Eles não usam armas, mas avançam de forma brutal. Caso não os mate rápido, eles irão explodir em você, causando um alto dano. A noite é realmente bastante perigosa, mas também se trata de uma boa oportunidade de juntar moedas.

Nossa primeira jornada para fugir da mente do vilão começa no Nível Mental 1, mas após a primeira conclusão podemos aumentar o desafio até o Nível Mental 5, caso queira emoções maiores.

Opinião

O saldo geral desses conteúdos voltados para os vilões foi realmente muito bom, pois além de trazer mais detalhes sobre as personalidades e motivações de cada um desses personagens marcantes na franquia Far Cry, a Ubisoft conseguiu trazer algo diferente, mantendo toda a estrutura tradicional, que se espera de um Far Cry, mas trazendo essa interessante pitada roguelite, que combinou muito bem com o conteúdo.

Vaas: Insanidade, Pagan: Controle e Joseph: Colapso oferecem um belo pacote de conteúdo, principalmente se você curte todo esse foco nos vilões, que é característica da série. É realmente interessante mergulhar na mente desses personagens, tanto para conhecer mais da trajetória que os transformou nessas figuras distorcidas, quanto para ver suas reações com tudo o que fizeram em vida, com belos toques de melancolia. Uma experiência que vai acertar em cheio no coração do fã de longa data de Far Cry.

Plataformas: Xbox One e Xbox Series X|S
Publicado por: UBISOFT
Desenvolvido por: UBISOFT TORONTO
Data de lançamento: 07/10/2021
Opções de compra: Amazon, Microsoft Store

Os conteúdos fazem parte do Passe de Temporada do Far Cry 6, mas também podem ser adquiridos separadamente. Vale lembrar que é necessário ter o jogo base para acessar os DLCs.

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About Author

Administradora de Empresas, mas apaixonada pelo mundo dos games e pelo Xbox!Fã da incrível e complexa franquia Halo e de seu icônico líder, o Master Chief. Também apaixonada por Dragon Age e seu universo magnífico. Ahhh e quem disse que Dark Souls não é divertido? :DSempre ligada nas notícias e novidades do lado verde da força!

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