fbpx

As Dusk Falls foi apresentado em 2020 e deixou o público intrigado com sua proposta narrativa diferente. Agora, como o jogo finalmente lançado, podemos ver todo o potencial do estúdio independente Interior/Night, que em parceria com a Xbox Game Studios, não teve medo de apostar em uma estrutura inovadora dentro do gênero, trazendo atores renderizados digitalmente em um belo estilo de arte, criando uma experiência única que funciona como um Visual Novel em movimento.

A trama nos leva para 1998 com um roubo que deu errado na pequena cidade do Arizona. A narrativa é moldada pela escolha dos jogadores, cujas consequências terão um profundo impacto na vida dos personagens. Com um alto fator replay e uma história madura, As Dusk Falls nos coloca no meio de decisões difíceis.

Será que o jogo consegue se destacar com suas novidades em um gênero já tão cheio de seus medalhões? Confira em nossa análise.

Uma trama intensa e madura

Antes de começar a análise, já vou deixar claro que serei o mais vaga possível acerca da trama, para não atrapalhar a experiência de vocês. Como se trata de um jogo narrativo, é essencial que cada um descubra as nuances da trama por conta própria.

A história base de As Dusk Falls nos leva para 1998, onde uma família está viajando para uma nova cidade, onde pretendem recomeçar a vida. Durante esse trajeto, Vince, Michelle, Jim e a pequena Zoe, sofrem um acidente, e precisam parar em um hotel no meio da estrada para passar a noite enquanto o carro é consertado. É nesse local que suas vidas se cruzam com a família Holt, que estão fugindo de um assalto que não acabou bem e param no Hotel em busca de abrigo. No entanto, a polícia também chega ao local e os Holt fazem a família, que estava de mudança, e os dois funcionários do hotel de reféns. Desse ponto em diante suas existências estão entrelaçadas, e cabe ao jogador decidir qual a trajetória essas vidas trilharão.

A história de As Dusk Falls é dividida em dois “Livros”, onde cada um deles possui três capítulos. A primeira parte possui um dinamismo de tirar o fôlego, seja com suas cenas de ação, seja com as escolhas difíceis que precisamos tomar em meio ao turbilhão de acontecimentos no hotel. A segunda parte pisa um pouco no freio, e se foca mais em mostrar como determinados personagens foram afetados pelos momentos tensos vividos anteriormente. As escolhas difíceis permanecem, mas o ritmo é menos caótico, e se torna mais reflexivo.

Tudo no jogo pode trazer uma consequência, seja errar e não pegar um objeto na hora certa, escolher um diálogo que pode marcar sua relação para sempre com algum personagem… O mais interessante é que todos esses conflitos são muito reais, com dramas que facilmente acontecem no dia-a-dia de muitas pessoas, como demissões, problemas conjugais, pais ausentes…. Se em jogos narrativos voltados para o terror você até mesmo se diverte brincando com as vidas dos personagens e suas ameaças macabras e sobrenaturais, em As Dusk Falls existe um senso maior de cuidado, pois o que vemos na tela são muitos fatos do cotididiano. Qualquer decisão pode gerar os mais diversos caminhos, isso é estressante para aqueles que criaram uma conexão com os personagens, mas também é a grande beleza do título.

Para tornar visível essa ramificação extensa que o jogo possui, ao final de cada capítulo podemos ver a Árvore Narrativa que foi criada com as nossas escolhas, com os caminhos ainda não descobertos escondidos. Ao olhar essa tela, eu me senti instantaneamente incentivada a testar outras escolhas e desbloquear outros caminhos. Após fechar um capítulo, você pode rejogá-lo por completo ou escolher determinados momentos chave dessa árvore para tentar mudar acontecimentos decisivos da história. Essa tela também apresenta a porcentagem que outros jogadores escolheram naquele mesmo caminho que você seguiu, nos apresentando o comportamento dos outros frente as decisões que você tomou.

As Dusk Falls possui contornos dramáticos e intensos, mas é inteligente ao mostrar os dois lados dessa mesma trama. De um lado vemos o ponto de vista de Vince, um pai de família que foi recentemente demitido de seu trabalho, do outro acompanhamos os conflitos de Jay Holt, um jovem atormentado por uma vida familiar complicada. Cada personagem possui um peso para a narrativa, mostrando que nada é tão simples como parece e que as relações humanas podem ser muito caóticas. Não existe certo ou errado, mas pontos de vista diferentes. Nossa percepção muda bastante no decorrer da história justamente por essa bela criação de relações e acontecimentos que mexem com o que sentimos por aqueles personagens.

Receita de bolo turbinada

Seguindo a mesma estrutura dos jogos do gênero, As Dusk Falls traz as decisões do jogador como o centro de tudo o que vemos na tela. Algumas dessas escolhas possuem um cronômetro que requerem que a decisão seja tomada rápido, no calor do momento, já outras nos colocam em verdadeiras encruzilhadas e possuem tempo livre para você pensar bem qual escolha seguir, pois ela terá um impacto maior nos desfechos.

Outro fator decisivo para a trama são os QTE, aquela mecânica na qual um botão surge na tela e você precisa acertá-lo, no tempo certo, para ter sucesso. Mesmo voltado para a ação, esses momentos também trazem peso para a história, pois acertar ou errar esses eventos também trazem consequências.

Como parte das configurações de acessibilidade do jogo, tanto os QTE, quanto as escolhas de diálogos, podem ter um tempo de resposta maior, além de outros ajustes, como cores de legendas ou áudio descritivo. Recursos muito bem pensados para deixar a experiência mais acessível para todos os tipos de jogadores.

Outra diferença de As Dusk Falls para outros jogos narrativos é que não é possível andar com os personagens, nesse aspecto ele traz uma experiência típica do Visual Novel, mas de uma forma mais dinâmica, pois não ficamos apenas lendo textos com imagens de fundo para tomar decisões, mas vemos os personagens sendo animados como se pulassem de dentro das páginas de um quadrinho. Uma experiência bem diferente, mas que também ajuda muito a passar os sentimentos necessários para a trama crescer. Quando precisamos explorar um cenário, ele é apresentado a nossa frente e precisamos, com o uso de um cursor, analisar a tela em busca de locais para interagir.

O jogo possui cerca de 7 horas, uma duração que pode ser bastante estendida caso o jogador busque explorar outras escolhas e ramificações narrativas.

Por fim, As Dusk Falls também oferece uma experiência multiplayer, e o jogo pode ser aproveitado em cooperação local ou online, ou ainda uma mistura de ambos, para até 8 jogadores e com crossplay entre plataformas. Não existe matchmaking, o que significa que você não poderá jogar com jogadores aleatórios, mas apenas aqueles adicionados em sua lista de amigos. Nesse modo, os jogadores precisam votar individualmente durante as decisões e a escolha com mais votos vence. Caso haja empate, o sistema vai gerar um resultado aleatório. As decisões também podem ser anuladas com o sistema de substituições, cuja escolha vencedora pode ser anulada por um jogador que terá a sua decisão sendo escolhida, mas outro jogador também pode anular essa escolha. Um bom sistema para deixar as decisões mais apimentadas.

Ainda existe um aplicativo gratuito complementar para As Dusk Falls em dispositivos iOS ou Android, que funciona como um controle, para dar suporte a todos os jogadores no multiplayer local.

Uma corajosa aposta audiovisual

Como dito acima, As Dusk Falls funciona como uma espécie de Visual Novel animada, no qual as imagens possuem uma animação bem diferente do convencional. Pode até ser estranho no início, mas depois de pouco tempo já podemos ver como a escolha original combinou bem com a proposta narrativa. Foi uma aposta corajosa da Interior/Night, que se apresentou para o mundo com um estilo tão diferente do que existe atualmente no mercado de games.

Os quadros são belamente desenhados, e as expressões dos personagens passam muito bem seus sentimentos, tornando as cenas memoráveis e nos deixando imersos nos acontecimentos.

A trilha sonora também é muito boa, com temas que crescem nos momentos mais tensos e que seguem neutros durante a maior parte do gameplay, acredito que para nos deixar atentos ao que acontece na tela.

O elenco que deu vida aos personagens também fez um belo trabalho, com atuações muito profundas que trazem o exato peso para uma trama bastante adulta e densa. Tanto os atores originais, quanto os nossos dubladores brasileiros fizeram um excelente trabalho. O jogo também está totalmente localizado para o Brasil, com áudio, legendas e interface no nosso idioma.

O áudio, no entanto, apresentou o único problema técnico que encontrei em todo o jogo, que foi a diminuição do volume das vozes ou sumiço total delas em determinados momentos. Não foi algo recorrente ou que atrapalhasse a minha experiência, mas aconteceu e precisa ser consertado em alguma atualização.

Opinião

As Dusk Falls foi uma grata surpresa. Sua narrativa mais adulta traz personagens marcantes, com conflitos da vida real, algo que torna as escolhas que precisamos fazer ainda mais difíceis, pois são encruzilhadas que poderiam acontecer no dia-a-dia de qualquer pessoa. A história profunda te fisga em sua primeira reviravolta e nos deixa ansiosos para saber o que pode acontecer a seguir, e qual desfecho aquelas pessoas terão para suas vidas. Apesar de estar em um gênero com padrões já bem estabelecidos no mercado por outras empresas, como Telltale e Supermassive, a Interior/Night consegue entregar algo bem diferente dos outros, estabelecendo uma nova opção para contar histórias
.
A ousada decisão de apresentar sua história como um Visual Novel animado, foi muito inteligente, pois traz um conceito diferente e consegue fazer com que a gente sinta, junto com as faces expressivas dos atores, todo o turbilhão de acontecimentos que envolveu essas famílias na pequena cidade do Arizona.

As Dusk Falls termina com um gostinho de quero mais, me deixando ansiosa por uma continuação. Além disso, me deixou bastante animada com o que a Interior/Night produzirá no futuro.

Vale lembrar que o jogo faz parte do catálogo do Xbox Game Pass.

Comprar As Dusk Falls na Microsoft Store

Plataformas: Xbox One, Xbox Series X|S e PC
Publicado por: Xbox Game Studios
Desenvolvido por: INTERIOR NIGHT
Data de lançamento: 19/07/2022
Opções de compra: Microsoft Store

Compartilhar.

About Author

Administradora de Empresas, mas apaixonada pelo mundo dos games e pelo Xbox!Fã da incrível e complexa franquia Halo e de seu icônico líder, o Master Chief. Também apaixonada por Dragon Age e seu universo magnífico. Ahhh e quem disse que Dark Souls não é divertido? :DSempre ligada nas notícias e novidades do lado verde da força!

Powered by keepvid themefull earn money