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Após uma longa espera, finalmente um Forza Motorsport surge nesta geração. A expectativa é alta, pois 6 anos separam este do seu antecessor, que saiu ainda lá pro Xbox One X como uma forma de mostrar a potência da máquina. A pressão existe, afinal, é o principal jogo de corridas do Xbox. 

Tendo seu irmão Forza Horizon carregando a tocha por tanto tempo, será que Forza Motorsport pode retomar esse legado? 

É uma dúvida que todo grande estúdio, distribuidora ou publicadora gostaria de ter: “qual meu melhor jogo de corridas?”. O Xbox está confortável pra se questionar com relação a isso. São públicos diferentes, lógico, mas a evolução de um pode (e deve) impulsionar o outro. 

Forza Motorsport se apresenta como a plataforma definitiva para jogos de corridas mais sérios dentro do console. Todo o layout inicial, e como o jogo é entregue ao jogador, indicam isso. As corridas iniciais tentam trazer o jogador para dentro dos circuitos, pra sentir o calor do asfalto, os ventos da velocidade, o toque de alcântara do volante. Se você já iniciou algum outro Forza Motorsport antes, você sabe o sentimento que é. 

As corridas iniciais, bem como seus eventos, funcionam quase como uma escola de direção. O primeiro contato se dá com o novíssimo Corvette E-Ray, o primeiro Corvette híbrido. Após algumas voltas você estará em posse do incrível Cadillac V-Series.R para uma volta rápida, multi-classe. Aqui a primeira novidade: o pit-stop. Chega a ser vergonhoso eu citar isso como uma novidade mas cá estamos. Enfim fizeram.  

Durante as corridas o pit stop é uma adição modesta, mas ainda assim uma adição. E que bom fizeram. Reforçou a aura de “estamos ouvindo o feedback dos jogadores” que o estúdio gosta tanto de afirmar. Também adicionaram compostos diferentes de pneus e seleção de litros para combustível, bacana. 

CarRPG, quê isso? 

Após essa bela introdução, reforçando o áudio e gráficos magníficos do jogo, temos início ao modo campanha de Forza Motorsport, aqui denominado de “Builders Cup”. Ou Copa de Construtores, se preferir. Leva esse nome pois, na regra, você irá “construir” seu carro. Não que você irá se tornar em engenheiro mecânico ou coisa parecida, mas porque você irá construir o legado com seu carro… temos então o primeiro contato com o nível de carros ou como o estúdio se refere a “CarRPG”. 

Esqueça roletas, esqueça microtransações, esqueça “tenho 200 carros logo de início”, esqueça “tenho tanto dinheiro que vou comprar todas as peças pra montar um foguete”. Sim, você terá espaço, tempo e dinheiro pra montar seu foguete, ô Elon Musk de Interlagos, mas antes você precisará ter conhecimento desse carro, terá que jogar com ele, terá que subir o nível dele. 

A proposta é simples: quanto mais você jogar com esse carro, mais nível de experiência com ele você terá, tendo mais peças disponíveis para aprimorar e mais Car Points (CP) para gastar. Veja que, de nada adianta ter 05 milhões na conta, você precisa ter CP pra poder aprimorar o carro e esse só vem quando você sobe o nível do carro. 

A ideia é boa, mas precisa de uns retoques. Essa forma de abordagem impossibilita que uma pessoa que acabou de chegar ao jogo tenha espaço pra montar um canhão e ir para o online. O que ela sabe sobre esse carro? O que ela aprendeu pilotando-o? Olhando assim parece um gatekeeping mas não, você está possibilitado de entrar no online com carros rápidos, mas estes não serão seus e também não irão subir de nível. Somente os carros que você possuir serão passíveis de subir nível, você precisa “construir seu legado”. 

O retoque que precisa ser feito é com relação ao nível atrelado ao carro especificamente pois, por mais que você adquira o mesmo carro que você já tenha nível alto, este virá com nível zerado. Se você já é nível 50 com um Toyota Supra GR, porque o outro Toyota Supra GR que você comprou vem com nível 01? É o mesmo carro. Isso impossibilita diferentes criações usando o mesmo carro. Se o jogador preferir ter um carro pra pista com longas retas, outro pra pistas curtas e outro pra drifting, ele precisará subir nível com esses carros individualmente. Acho que dá pra atrelar o nível de experiência ao modelo do carro, melhorando nesse aspecto. 

Devo dizer que achei a Builders Cup muito curta e pouco variada. São 05 turnês divididas em Modern Tour, Enthusiast Tour, Power Tour, Legacy Tour e Open Class Tour. Elas tem em sua totalidade 05 eventos, tendo cada evento 06 corridas em média, totalizando aí 150 corridas, muito pouco. Ela traz carros civilizados para nosso uso cotidiano mas não traz carros de pista homologados, por exemplo. Eu falei “carros civilizados de uso cotidiano” e tô aqui lembrando da belíssima (e arisca) Ferrari FXX-K. Vocês me entenderam. 

Não há, ao menos nesse momento, um evento que traga os carros de pista para o modo campanha. E você tem no jogo alguns modelos da GT3, da Nascar, monoposto de Fórmula, alguns Le Mans Prototype, mas não há eventos focados para estas categorias (apenas no multiplayer).

Aqui entra o ponto que falei lá no início, que o jogo se apresenta como a plataforma definitiva para jogos de corrida e tal, porque é esse tipo de abordagem que o estúdio quer. Alimentá-lo com eventos sazonais, com eventos adicionados posteriormente e, tenho esperança, de eventos temáticos. Carros, pistas e eventos serão adicionados com o tempo. Isso não apaga o fato do jogo ter sido lançado com uma campanha bem mequetrefe, mas é também fato que já anunciaram outras tantas adições para os próximos meses. Óbvio que eu queria mais, no entanto fico feliz de saber que estão fazendo, mas chateado por ainda não terem feito. 6 anos. 

E essa penalidade aí hein? 

Deixando um pouco de lado o modo campanha, estou feliz com o multiplayer entregue em Forza Motorsport. Feliz e seguro pra afirmar que este é o melhor multiplayer de toda a franquia.. A formação de grid, a segurança dos servidores, a ausência quase total de bugs, corridas sem lags, as penalidades, as punições, tudo isso construiu um multiplayer muito fechado, concreto, sendo até mesmo mais divertido de jogar que o modo campanha. 

Pela primeira vez em toda a franquia eu afirmo que o multiplayer é muito mais divertido que avançar pela campanha. E ainda aconselho: se você não jogou ainda o multiplayer, jogue. Você irá se divertir, pode apostar. Como afirmei antes, você não precisa ter o carro necessário para aquele evento, você pode só correr. Se divirta. 

Lógico que este não está isento de problemas (também). Alguns jogadores me relataram que encontraram uma forma de burlar o sistema de níveis de carro do jogo, possibilitando que em alguns eventos jogadores competirem com carros de classes altas em meio a carros com classe baixa (sendo que a classe baixa era o limitante do evento). 

Outros jogadores relataram que encontraram uma forma de nerfar a classe do carro para que este ingresse em eventos de classe baixa. Imagine você em um evento de Classe B correndo de Golf R contra um Bugatti Chiron, que originalmente é um carro de Classe R. É no mínimo complicado. 

Eu me sinto aliviado em dizer que não encontrei essas situações durante meu tempo de jogo no multiplayer. 

O colírio que arde os olhos 

Graficamente o jogo é um colírio, mas tem horas que esse colírio arde. O jogo veio com uma premissa de entregar alta resolução com Ray Tracing a 60fps, sendo o mais avançado gráfico de jogos de corridas do console. Eu confesso ter escolhido que a máquina priorize o 4k 60 fps em detrimento do tal Ray tracing. Estou bem com essa escolha. 

Me arde os olhos ver que alguns erros gráficos, erros bobos, passaram pela curadoria do jogo, tendo aí 6 anos para verificar e revisar inúmeros pontos. Tudo bem que tivemos uma pandemia no meio disso tudo, mas ainda assim, alguns erros são bobos. Modelagens de carros antiquadas, oriundas ainda lá de Forza Motorsport 5, do lançamento do Xbox One. Erros de texturas que contrastam com o carro em inúmeros momentos, mas principalmente nos boxes de Silverstone e Homestead Miami. Na pista de Hakone, quando chegamos a ela, a montanha vista ao fundo parece uma imagem JPG colada ao cenário, horrível.

Houve esmero e cuidado em inúmeros pontos do jogo, o jogo não é feio, muito pelo contrário, o jogo é lindo. E justamente por ser tão bonito que contrasta quando você vê algo feio no jogo e parece que este está a te mostrar a língua dançando hula hula na tua frente. Não tem como não ver. 

Áudio alienígena 

Falando em hula hula, o áudio do jogo está de outro mundo. Esse sempre foi um ponto muito positivo dentro da franquia e aqui não poderia ser diferente. Não sei que dispositivo alienígena usaram pra captar os inúmeros sons oriundos de um carro em alta velocidade, mas fizeram e fizeram muito bem feito. 

Carros como Lexus LFA, Skyline R34, Lamborghinni Huracán, Aston Martin Vantage, Jaguar XJR, Ferrari Roma, que são conhecidos por ter motores com notas magníficas, são muito bem representados aqui. E olha que eu só citei os que conheço, mas não para por aí, o ambiente de jogo também é um diferencial. 

Você ouve nos boxes os mecânicos conversando, pranchetas sendo preenchidas, passos, parafusadeiras em pressão. Na pista, o vento, as arvores, as zebras, a grama, a brita, o concreto, o som dos carros se espremendo numa curva até mesmo as diferentes texturas de asfaltos são representadas com um som diferente e peculiar. 

Você irá saber apenas pelo som que o câmbio do carro foi alterado, somente pelo tilintar das engrenagens. Modificações óbvias como filtro de ar e escapamento serão sentidas na primeira acelerada, haja vista que o som do motor estará alterado. 

Outro ponto interessante é que não há músicas durante a corrida. Nos menus de jogo você tem uma leve música que se encaixa bem para o momento. Até melhor dizendo, sim tem música nas corridas… nada como um V10 urrando ao final de uma reta. Música para os meus ouvidos. 

Bugs, crashes e “ah meu Deus de novo não” 

É complicado tocar nesse assunto sem parecer uma pessoa pessimista, mas eu preciso ser sincero com vocês, leitores. Não existe jogo perfeito, mas Forza Motorsport é bem longe de ser um ‘quase perfeito’. Alguns erros de carregamento de texturas me fizeram até mesmo reinstalar o Forza Horizon 5 porque eu não estava crente de tamanha discrepância técnica entre os dois jogos.

Forza Horizon 5 é um jogo de mundo aberto que apresenta um mapa gigantesco e está disponível também na geração passada. Forza Motorsport no entanto é um jogo de circuito que está presente apenas na atual geração. Tudo bem que tem-se muito mais que apenas gráficos para Forza Motorsport computar e gerenciar dados, mas ainda assim, é muito discrepante. Méritos da Playground Games? Com toda certeza. 

Um irritante ponto que acontecia (e acontece) comigo com frequência é o jogo crashar após alterar o design do carro. Sempre que eu pego um carro novo, eu altero seu layout para parecer algo mais voltado pras pistas (aquelas vinis com vários adesivos de corrida e tudo mais) e o jogo sempre crasha após fazer isso. 

Outro que aconteceu frequente comigo foi o jogo congelar durante um aprimoramento no meio de um evento de turnê. Sempre que eu fazia alguns aprimoramentos de várias peças, o jogo não entendia e ficava eternamente no loading. Certa vez eu deixei só pra ver se o jogo ia, em algum momento, sair desse loading. Nada. Foram 30 minutos e nada. Voltei pra dashboard, reiniciei o jogo e então tomei o segundo soco na costela: o jogo não salvou o progresso. Quando aconteceu pela segunda vez eu soltei um glorioso “ah meu Deus de novo não” que a minha esposa até riu. 

E infelizmente isso aconteceu não uma nem duas, foram várias vezes. Em um dia desses, isso me irritou tanto que eu simplesmente parei e fui jogar Assassins Creed Mirage. Porque eu realmente não estava afim de me estressar com essas perdas de progresso. 

Isso sem contar nos replays completamente bugados que carros ficam caindo do céu, ficam se movendo e deveriam estar parados no grid ou que ficam flutuando nos boxes. Eu desisti de assistir replays, mesmo tendo presenciado corridas lindas no multiplayer porque simplesmente o sistema de replays não funciona comigo. Por conta de uma conquista do jogo, eu compartilhei um replay de uma corrida e se tiverem interesse, vejam lá a bizarrice. São nove minutos de corrida e nove minutos de carro parado no grid de largada. Agora porque o replay ficou assim nem Dan Greenwalt saberia responder.

Texturas que não carregam, imagens que ficam piscando, adesivos que não renderizam, replays que ficam caóticos, vinis que desestabilizam o jogo, aprimoramentos que não salvam, progressos perdidos. Tudo isso deve ser pontuado, pois foram 6 anos meus amigos, 6 anos. 

Esse inclusive foi um dos fatores que me fez gostar ainda mais do multiplayer. Não tem carro lagado, carro flutuando, carro voando, jogadores caindo do lobby ou coisas do tipo, que são conhecidos do multiplayer dessa franquia. Aqui não, é liso. Desde o treino até a corrida, passando pela classificatória. Muito bem executado e isso é um baita ponto contraditório, lendo o parágrafo anterior. 

O que fica claro aqui é que deram total atenção ao multiplayer, deixando de lado o modo campanha. O modo campanha ficou pequeno, arrastado, fraco e com desempenho técnico um tanto sofrível. O modo multiplayer, por sua vez, teve alterações interessantes como o sistema de penalidades e classificatórias para grid de largada, tudo isso funcionando em um servidor estável.  

Entendo que, por ser agora uma plataforma, o jogo irá ter constantes atualizações (o último patch note não arrumou os problemas que citei aqui) e muito conteúdo será adicionado posteriormente, bem como problemas serão sanados. O modo multiplayer também se beneficiará disso. 

Outro ponto que faltou, e deveria ser implementado, é uma aba (ou menu) com todos seus feitos dentro do jogo. Exemplo: sua posição média de grid no mutiplayer, sua posição média nas corridas, seu carro mais rápido, seu carro mais vitorioso, número de corridas no total, essas coisas. 

3, 2, 1, VAI! 

Levaram á risca a ideia de transformar o jogo em uma plataforma. O jogo foi entregue com pouco conteúdo e muita coisa a agregar. As novidades apresentadas são boas, porém ainda falta um toque final, que acredito será feito ao longo da vida do jogo. Em suma, são poucos carros e pistas de início e isso reflete nos poucos eventos de campanha. 

O novo sistema de níveis dos carros divide opiniões e concordo com várias dessas opiniões. O sistema foi bem feito, mas há espaço pra melhorar (sempre há). Para os jogadores mais voltados ao multiplayer, esses estão tranquilos. O jogo entregou um sólido modo, com vários eventos em diferentes pistas e classes, além do sistema de punição que deixa o jogo mais equilibrado, limpo e seguro. 

Os erros de sistema e bugs gráficos irão ser consertados, eu não tenho dúvidas quanto a isso, me chateia é saber que o jogo teve 6 anos de desenvolvimento e mesmo sendo uma das franquias carro chefe do console, saiu com problemas. Concordo que hoje em dia todo grande jogo sai com problemas, mas discordo de termos que normalizar isso. Cobranças devem ser feitas porque isso só traz benefícios aos jogadores, ao console, ao serviço, á marca como um todo. 

Eu quero poder revisitar essa análise daqui alguns anos e poder me orgulhar do que fizeram ao longo do tempo, poder apontar e dizer “eu estive lá, eu vi esse jogo crescer”. 

Forza Motorsport é minha principal franquia no Xbox. É o jogo que me firmou no console da Microsoft, o primeiro exclusivo que conheci, ainda lá no Xbox 360. Guardo um sentimento muito bom por essa franquia, por inúmeras horas de diversão, por amigos que fiz e portanto, desejo muito o sucesso dela. O momento é de sentar, planejar e entubar esse jogo de conteúdo.

Comprar Forza Motorsport na Microsoft Store

Plataformas: Xbox Series X|S e PC
Publicado por: Xbox Game Studios
Desenvolvido por: Turn 10 Studios
Data de lançamento: 10/10/2023
Opções de compra: Microsoft Store

*O jogo foi acessado via Xbox Game Pass para a realização desta análise.

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About Author

Xbox Ambassador. 13 anos de Xbox Live. Gamertag: Vingador Brambz

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