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Análise – Dragon’s Dogma 2

O RPG é um dos gêneros mais encantadores do mundo, visto que podemos participar de inúmeras histórias, dentro de um contexto principal. A Capcom também busca entrar de cabeça nesse ramo, que foi construído em parte com a franquia Monster Hunter, e agora com uma nova chance com Dragon’s Dogma 2, que pode ter um destino mais popular do que o primeiro jogo, que com o tempo se tornou um jogo cult.

Quando assisti os primeiros trailers de Dragon’s Dogma 2 fiquei muito ansioso, principalmente por ele ser construído na RE Engine, algo que no primeiro existia uma diferença muito grande de qualidade para os mesmos jogos de outras franquias. Então temos realmente um AAA com cara de AAA, mas será que o jogo é somente bonito ou ele tem algo a mais do que outros RPGs? Descubra em nossa odisseia a seguir.

O Dragão e o Rei

A história de Dragon’s Dogma 2 começa dentro de um castelo, com a revelação e criação do nosso personagem, que é o Rei que acaba entrando em um embate com um Dragão. Essa luta culmina em um evento que ligará os dois para todo o sempre. Após os acontecimentos darem um problemão, temos que partir para uma grande aventura, que nos levará para todos os cantos desse mundo gigante. Mas nem tudo será tão simples, pois alguém se passa atualmente como o Rei, tirando o nosso lugar, nos deixando na sarjeta, cabe a você fazer os contatos certos para tentar se infiltrar no castelo e tomar o seu lugar de direito.

A história começa realmente de forma intensa, trazendo um pouco do que veremos nas muitas horas a seguir, dai ela fica bem cadenciada com missões principais e secundárias, isso até as partes finais, que ai o jogo novamente consegue te tirar o folego, preparando o terreno para o endgame, que é muito surpreendente. Sim, Dragon’s Dogma 2 possui múltiplos finais, que um deles te leva para o endgame, trazendo uma nova perspectiva para tudo o que conhecemos.

Durante nossa jornada temos várias histórias que serão contadas através de missões secundárias, que acrescentam mais sobre o mundo e dão mais volume para os outros personagens. Os personagens secundários são muito rasos, tendo pouco espaço de tela para brilhar, então não espere por atuações inesquecíveis.

Um verdadeiro RPG

Dragon’s Dogma 2 não é somente um simples RPG, ele consegue atender a maioria dos pré-requisitos desse gênero tão amado, então espere por missões secundárias aleatórias, viagens longas, monstros, calabouços, baús secretos, vilas, cidades e muito mais.

O mapa é gigantesco e dá vontade de explorar todas as possibilidades, então jogue com calma e fuja da missão principal, pois ela é curta em comparação a todo o recheio do jogo. Outro bom motivo para evitar, é que se você avançar demais, você poderá partir para uma luta bem fraco, então se prepare para chegar com o mínimo de nivel 40.

Ao iniciar sua aventura você se depara com um possível problema, que é a limitação de viagem rápida, que é um recurso bem utilizado em jogos de mapas grandes. Para utilizar a viagem rápida devemos ter um item chamado de pedra barca e ainda só podemos viajar até um local que tenha um cristal porto, sendo que existem poucos desses itens fixos nos mapas. No jogo podemos encontrar algumas pedras barcas, comprar e mesma coisa se pode falar do cristal porto, no qual podemos posicionar, e dai podemos voltar a esse ponto com a pedra barca. Esse cristal porto é removível, então depois o jogador pode tirar e o colocar em outros lugares.

Muitos jogadores reclamaram desse tipo de recurso, principalmente por que a Capcom colocou a venda alguns pacotes com esse item, algo que é meio injusto, mas que na minha opinião é mais polêmica do que realmente é. No jogo realmente tive que andar mais do que o normal, visto que economizava bastante esses itens de viajem, mas eis que fui realmente recompensado por explorar muito o mapa, então acaba sendo uma coisa boa, mas que deveria ser opcional, talvez em uma mudança na dificuldade.

Nas cidades temos as carroças que viajem de certos pontos, então é um recuso que dá para usar, mas que vai de jogador para jogador. Essa carroça inclusive pode até mesmo ser atacada, gerando alguns eventos bem loucos.

Dragon’s Dogma 2 possui uma variedade boa de inimigos, mas com repetições em certos locais, então caso você leia por ai que o jogo repete seus inimigos, ele faz isso sim, mas ainda assim traz sempre um inimigo diferente em locais específicos, então caso jogue até o final e ainda depois no endgame, irá se surpreender com cada novo inimigo que você encontrará. Temos esqueletos, orcs, harpias, minotauros, lobos e muitos outros monstros a espreita.

Além disso, os chefes e mini chefes esbanjam poder, criando lutas épicas contra grifos, dragões, magos espectros e até mesmo uma medusa. Como eu disse anteriormente, explorar é ótimo, pois caso você faça somente o arroz com feijão, perderá toda essa experiência com inimigos rasos e repetitivos, deixando de enfrentar e encontrar o que realmente importa.

Entre todos esses inimigos, os dragões são os mais perigosos e recompensadores, então escolha sempre uma boa estratégia para lidar com esses inimigos especiais.

Como todo bom RPG, temos alguns NPCs espalhados pelo mundo que compram e vendem armaduras, armas, anéis e todo tipo de equipáveis, que são específicos e cada vocação. Além disso, podemos fazer melhorias, que podem ser obtidas através de itens dropados de inimigos.

Classes ou Vocações

O principal atrativo em Dragon’s Dogma 2 são suas classes, ou na descrição correta, vocações. Sim, aqui chamamos as tradicionais classes de vocações. No começo de nossas aventuras podemos escolher as vocações mais tradicionais como arqueiros, guerreiros e mago por exemplo, mas diferentemente de alguns jogos, podemos mudar nossa vocação durante nossa jornada, algo que é incrível, pois isso também faz parte da nossa evolução como jogador, algo que você entenderá com varias horas de jogo.

Cada vocação possui habilidades distintas, que são alocadas para cada botão, além de habilidades passivas e características próprias, então escolha a que melhor combina com seu estilo. A maioria das habilidades são obtidas com o progresso do jogador, que ao juntar pontos pode ir na guilda e assim comprar habilidades para cada vocação, sendo que você terá que evoluir sua vocação para desbloquear a compra de certas habilidades. Existem também habilidades especiais para cada classe, que podem ser encontradas ao completar algumas missões especiais.

Como falei sobre a evolução das vocações, em determinadas missões temos a possibilidade de encontrar novas vocações, que são mais complexas e poderosas, que exigirão mais talento do jogador.

Além do nosso personagem, temos os famosos companions, que aqui são chamados de peões, e sim eles funcionam como um peão de xadrez em um jogo muito maior. Assim que começamos nossa aventura podemos criar o nosso próprio peão, que tem uma vocação própria. Além do nosso peão, que é um companheiro até o fim, podemos contratar mais dois peões para o nosso grupo, algo que também se torna um artificio importante, pois para se ter sucesso, devemos combinar habilidades que são exclusivas de cada vocação.

Um fato curioso, é que nosso peão pode viajar com outros jogadores, então podemos descansar e acordar com nosso peão contando que participou de outras aventuras, cedendo as vezes alguns itens para você. Esses peões podem ser contratados conversando com eles pelos mapa ou através de fendas, que são outros mundos habitados por outros jogadores.

Diferentemente do seu peão principal que pode ser evoluído da mesma forma que o jogador, com esses outros peões eles tem uma evolução mais lenta, então cabe a você saber a hora de trocar por outros peões, mas cuidado, existe uma praga de dragão, que pode acontecer um desastre e seu peão se transformar em um dragão sinistro do nada, e inclusive matar NPCs que fornecem as missões, destruindo seu jogo. Os peões não podem usar as classes especiais, ficando algo exclusivo para o protagonista.

A IA dos peões é muito boa, então você dificilmente precisará ficar dando ordens para que volte ou avance. Inclusive eles possuem algumas características próprias, como linguagem de elfo por exemplo, no qual conseguimos entender o que essa raça fala, abrindo novas possibilidades de interação. Podem também ser rastreadores, cuja característica é localizar itens para o jogador. Existem outras características incríveis, que concedem muitas possibilidades.

Comecei minha aventura como arqueiro, que é uma classe de arma a longa distância, abrindo mão de golpes a curta distância, algo que no começo tive problema com alguns inimigos, mas com a experiência veio a bonança, pois coloquei as habilidades certas para cada tipo de inimigo. Mas eis que consegui finalmente a vocação de arqueiro mágico, que é uma fusão de arqueiro e mago, e não precisamos depender de usar flechas especiais, dando espaço para flechas de magias poderosas.

Ainda existe uma vocação especial chamada de chefe de guerra que está em meus planos, que é uma vocação que pode usar armas e habilidades de diferentes vocações, algo bem apelão, mas não se engane, essa vocação necessita de planejamento e que tenha masterizado outras vocações.

Existem outras vocações especiais como lanceiro místico ou mesmo o trickster, que não tive experiência, então prefiro não comentar por não ter tanto contato com elas.

Um endgame magnifico

Assim que caminhamos para o final verdadeiro de Dragon’s Dogma 2, o jogador pode embarcar em uma nova aventura, em uma espécie de mundo invertido do mundo tradicional, no qual o jogador pode acessar áreas antes que eram submersas, então novos itens podem ser descobertos, mas ao custo de enfrentar inimigos ainda mais poderosos. Inclusive a experiência de lutar contra esses inimigos se assemelha a um chefe final.

Além disso, temos uma missão bem complicada, no qual o mundo está em perigo e devemos atingir nossos objetivos para que o mundo não sucumba.

Nesse mundo tudo é mais perigoso, então caso você morra, o jogador terá a oportunidade de acordar no primeiro dia que aconteceu o problema ou no dia mais recente, tendo uma data limite para salvar o mundo.

O mais interessante dessa parte, é que facilmente poderia se encaixar em um DLC pago, mas curiosamente foi disponibilizando dentro do jogo, algo impensável para os dias de hoje.

Uma engine versátil

A RE Engine em Dragon’s Dogma 2 continua fazendo toda a diferença, mesmo sendo bastante exigida para comportar um mundo aberto vívido. Mas ao custo de toda essa imensidão tivemos inúmeros problemas na hora de renderizar algumas texturas, principalmente no Xbox Series S, que sofreu mesmo com as atualizações que acontecem uma hora ou outra, mas nada que estrague a sua experiência.

Sinto que ainda veremos melhorias na próxima REX Engine, que pode lidar com esse aspecto de mundo aberto, que é muito bem feito na franquia Monster Hunter e consequentemente pode ser usada em uma sequência.

A direção de arte é incrível, pois trouxe uma grande variedade de monstros, ambientes, armaduras e armas, algo que deixa tudo ainda mais épico.

O som é muito bom, com uma trilha que sabe mexer com as emoções do jogador na hora certa. Não existe dublagem em nosso idioma, mas possui legendas em Português do Brasil, algo que ajuda no entendimento de tudo o que está ocorrendo, além, é claro, de ajudar no aprendizado.

Opinião

Dragon’s Dogma 2 é um dos melhores RPGs que já joguei na vida, mesmo com seus pequenos problemas, que futuramente podem ser corrigidos. Uma pena não ter sido adiado em algumas semanas, para então realmente se tornar quase perfeito. Embarcar nesse mundo riquíssimo de aventuras me fez lembrar de jogos como Diablo e Skyrim, no qual não vemos a hora passar, de tão viciante que essa experiência se torna. Eu simplesmente não consigo parar de jogar.

O gameplay de vocações foi uma descoberta continua, dando varias possibilidades na mesma run, que é o inverso de outros jogos do mesmo gênero, que te obriga a fazer várias runs para conhecer outras classes. A quantidade absurda de itens para equipar nosso personagem é incrível, algo que exige conhecimento e aprendizado do que é melhor para cada vocação. A história mesmo que fragmentada pela vastidão de opções é tentadora, principalmente por trazer pontos fortes no seu enredo. O endgame é surpreendente, pois traz mais conteúdo gratuitamente, deixando o jogador ter uma experiência ainda mais completa.

Dragon’s Dogma 2 é uma grata surpresa, pois em um gênero tão saturado, tenta coisas iguais, mas de formas diferentes, prendendo o jogador até depois do endgame. Que venham as futuras DLCS, pois já estou esperando.

Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: CAPCOM
Desenvolvido por: CAPCOM
Data de lançamento: 22/03/2024
Opções de compra: Microsoft Store

*O jogo foi cedido gentilmente pela Capcom para a realização desta análise.

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