Existem alguns jogos, que por mais que tragam alguns desafios, são tão contemplativos que o jogador nem sentirá tanto a progressão, pois a atmosfera contagia o nosso pensamento. Se fosse para descrever Spirit of the North 2 em poucas palavras, seria exatamente isso, contemplativo e desafiador, mas na medida certa.

Quando recebi a missão de analisar essa obra, fiquei bem empolgado, pois tinha acabado uma sequência de RPGs grandes, que tomaram bastante o meu tempo. Então, curtir a jornada, era tudo o que eu precisava. Será que Spirit of the North 2 faz isso pelo jogador, ou é só mais um jogo charmoso? Descubra em nossa análise a seguir.

Mitos do norte

A história começa com a criação da nossa raposa, que acorda em um local sagrado, então seguimos para alguns tutoriais bem dinâmicos, que explicam mais das mecânicas simples, que serão evoluídas conforme avançamos na história. O primeiro local que visitamos é um lugar cheio de animais e raposas, que é lindo e cheio de vida, mas nosso personagem, que tem um amigo corvo como companheiro de aventuras, comete um erro gravíssimo, ao liberar um grande inimigo do seu aprisionamento, causando uma grande destruição no local sagrado.

O Xamã Grimnir contaminou todo o reino do Norte com sua aura trevosa, bloqueando alguns locais, que conforme avançamos na história, conseguimos alguns poderes espirituais para poder superar esses obstáculos. O vilão interfere em muitas coisas, então conforme avançamos pela história, vemos a proporção do que essa simples ação afetou o mundo.

Se você for um jogador que não curte histórias interpretativas, esse jogo não é para você, pois não é aquele enredo mastigado pela força do roteiro. Aqui tudo é interpretativo e complicado de entender. Mas não quer dizer que não é interessante, pois dependendo como você enxerga esse tipo de jogo, você poderá ficar curioso, assim como eu fiquei.

Faça o seu caminho

Em Spirit of the North 2 não é somente a história que não é mastigada, o nosso caminho também dá muito trabalho para descobrir, então não pense que terá uma missão fácil, pois mesmo que apareça um indicativo superficial de onde ir, em vários momentos, o jogador terá que andar por muitas localidades até descobrir o caminho. Como estamos falando de um jogo contemplativo, no qual, grande parte do nosso tempo é gasto, ao curtir as lindas paisagens, em um mundo vasto, não é problema algum se perder por horas, pois faz parte da jornada.

A única coisa que me incomodou nesse tipo de jogabilidade, foi não ter um mini mapa, pois é bem chato entrar em um menu que é um pouco lento para ver um mapa. Outro grande defeito do jogo é o vazio dos mapas, que por mais que tenham muitas localidades, o jogador acaba se sentindo muito sozinho, pois não temos inimigos para lutar, a não ser os chefes, algo que hora ou outra se transforma em tédio. São raros os encontros com outros animais, algo que poderia mostrar mais vida por onde passamos.

O layout dos mapas fornecem muitas opções para o jogador se locomover, tendo pontes, colunas quebradas, arvores e muitas outras coisas que o jogador poderá avançar no terreno, algo que sempre nos causará surpresa, principalmente em pontos mais avançados da história.

Existem alguns colecionáveis que contam mais sobre a história de outros personagens, algo que acrescenta a curiosidade do jogador.

O espirito do norte

Nossa raposa além de poder se locomover como um animal comum, ela possui poderes espirituais que nos ajudam a passar por diversas situações, como se desligar da matéria para poder chegar a locais que não podemos acessar com o corpo físico ou mesmo podemos remendar alguns objetos presos no mundo espiritual. Nosso amigo corvo também pode nos ajudar, nos segurando para planar até locais mais distantes ou mesmo para não cair. O companheiro pode ainda ajuda em algumas batalhas contra os chefes.

Além de alguns poderes obtidos após as batalhas contra os chefes, também podemos usar runas que nos dão algumas vantagens, como encontrar facilmente cristais que servem como moedas do jogo, ou mesmo proteção contra o mal que atinge a terra fria.

Spirit of the North 2 também possui seu momentos soulslike, nos quais se o jogador morrer, ele deixa suas luzes no local da morte, e ai voltamos para o checkpoint mais próximo, que sempre será perto.

Além dos cristais, que servem para comprar novas runas ou skins, temos pontos de habilidades, que são encontrados em baús, então para evoluirmos nosso personagem, se faz necessário procurar esses baús perdidos por ai.

As batalhas contra os chefões são um dos pontos altos da nossa jornada, pois nos forçam a sair da zona de conforto, exigindo agilidade e inteligência para lidar com algumas situações. Falando em inteligência, os quebra cabeças desse jogo são simples, mas bem construídos, pois realmente trazem desafio para o jogador, que nem sempre vai estar aos seus olhos. Resumindo, os puzzles são resolvidos como parte do cenário, e as vezes em locais bem distantes.

Som e gráficos

Spirit of the North 2 possui gráficos bonitos para um jogo indie, principalmente na hora de mostrar as variações climáticas e as paisagens. Mas mesmo sendo competente nesse quesito, o jogo traz uma performance pesada, mesmo rodando em um console de ponta como o Xbox Series X. Não há razão para ser tão pesado, pois não são gráficos de um nível AAA, então esperava uma performance mais suave.

O som é bem morno, algo que combina com a proposta do jogo, mas que as vezes falta para dar um peso maior para a narrativa. Não existem legendas em Português do Brasil, algo que incomodou, visto que temos uma história bem confusa.

Opinião

Spirit of the North 2 é um bom trabalho indie, que chama atenção por contar uma história sem mastigação de roteiro, algo que pode afastar alguns jogadores que não querem ter esse trabalho. Ficar perdido na imensidão dos mapas nos causa uma mistura de sentimentos, que incluem relaxamento e também tédio em alguns momentos.

A resolução de quebra cabeças é simples, mas traz boas doses de desafios para o jogador, que também foram agraciados com os poderes interessantes da nossa raposinha. Usar esses poderes para avançar pelo cenário é gratificante. As batalhas contra os chefões são um dos destaques, pois tiram o tom morno que beira toda a nossa trajetória, algo que ajuda na hora de entreter o jogador com algo mais desafiador.

Os gráficos são ok, mas pecam no desempenho, que mesmo sendo um jogo simples, traz uma performance pesada. O som cumpre seu papel, mas poderia ser um pouco melhor, afim de trazer mais peso para a narrativa. Além disso, não existem legendas em Português do Brasil, algo que incomodou, visto que seria necessário para entender algumas coisas.

Spirit of the North 2 é um confort game de exploração e resolução de quebra cabeças, que já poderia amadurecer certas coisas e se arriscar mais, algo que conquistaria um público maior.

Nossa nota para Spirit of the North 2

Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: Silver Lining Interactive
Desenvolvido por: Infuse Studio
Data de lançamento: 08/05/2025
Opções de compra: Microsoft Store

* O jogo foi cedido gentilmente pela Silver Lining Interactive para a realização desta análise.

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About Author

Desenvolvedor Web e Analista de TI, gamer assíduo desde a época do Atari, fã de Metal Gear(menos o Phantom Pain) e Gears of War. Ter a oportunidade de trabalhar um pouco com games é um sonho realizado. Falta só ir para E3!!!

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