Little Nightmares é uma franquia pela qual tenho um grande carinho. Desde o primeiro jogo me encantei com a proposta da Tarsier Studios, de nos levar por universos repletos de momentos macabros, mas que acompanham a bela jornada de pequenas crianças indefesas em busca de liberdade. Tramas subjetivas, extremamente abertas a interpretação do jogador, mas que mesmo assim trazem uma intensa carga dramática que marca a nossa mente e coração.

Quando foi a anunciado Little Nightmares III eu instantaneamente me interessei em mergulhar em toda essa proposta novamente, mas fiquei receosa uma vez que a Tarsier não seria a responsável por essa nova entrada, pois o estúdio foi comprado pela Embracer Group e a IP Little Nightmares havia ficado nas mãos da Bandai Namco, que não deixou a franquia morrer, até porque ela já vendeu mais de 20 milhões de cópias, e colocou o novo projeto nas mãos do renomado estúdio Supermassive Games (The Dark Pictures), conhecido por sua vasta experiência em criar jogos voltados para o terror e suspense.

Agora, eles trazem a sua visão para o mundo de Little Nightmares, adicionando novos estilos de quebra-cabeças, novos locais e novas criaturas grotescas e assustadoras perseguindo nossos protagonistas e nos dando calafrios. Será que essa mudança continua a qualidade da franquia, abraçando sua grande legião de fãs? Vamos descobrir na analise a seguir.

Mistério, suspense e intensidade numa trama subjetiva

Mantendo a tradição da franquia, Little Nightmares III nos lança nesse mundo macabro sem muitas informações, e vamos montando nossas teorias conforme passamos os capítulos, que são quatro no total. O que sabemos vem de sua sinopse, que nos explica que estamos acompanhando a jornada de Low e Alone, dois amigos que procuram uma maneira de escapar da Espiral, descrito como um mundo movido a pesadelos e criaturas grotescas, tudo envolto em uma densa atmosfera de suspense e medo constantes, pois estamos falando de suas crianças indefesas em um mundo perturbador que parece querer devorá-las a todo instante.

Logo no início, no gameplay solo, precisamos escolher entre o menino Low ou a menina Alone, e essa escolha nos acompanha até o final. Ainda assim podemos dar comandos para o outro personagem e sua IA é bem satisfatória. Low parece ter vagado pela aterradora Espiral por muito tempo, mas continua firme em seu objetivo de voltar para casa. Já Alone é sua melhor amiga e está ao seu lado dando tudo de si para ajudar seu amigo. A relação deles é bem bonita.

Fora as informações acima, tudo deverá ser entendido e interpretado pelo próprio jogador, o que oferece uma experiência única e intensa, inundando nossa cabeça com teorias. Eu fiquei grudada na tela até o final, e um tanto quanto impactada enquanto os créditos subiam, montando diversas teorias e explicações para o que vivi nessa experiência. A Supermassive soube explorar essa característica da franquia e entregou uma narrativa deliciosamente intensa.

Corra e observe muito para tentar fugir da Espiral

A jogabilidade gira em torno da dinâmica entre os dois amigos, que precisam se ajudar vencer cada desafio que se apresenta, mas sempre precisando nos lembrar que estamos lidando com duas crianças, vagando em um mundo que perigoso e que não deseja elas ali. Essa vulnerabilidade sempre está presente.

Precisamos estar atentos ao cenário o tempo todo, pois a observação é essencial para resolver quebra-cabeças, encontrar um local para avançar ou até mesmo passar pelas criaturas sem que elas nos notem, pois não temos chance contra elas. O jogo ainda tem sequências de perseguição de tirar o fôlego, nas quais o jogador precisa colocar em prática ações como correr, pular, se abaixar, se pendurar em locais ou até mesmo usar suas armas, muitas vezes tudo ao mesmo tempo. Apesar de Low ter um arco e Alone uma chave de fenda, elas são mais voltadas para a interação com os cenários para abrir caminhos, pois o combate nunca é uma boa escolha para os pequeninos.

Conforme avançamos recebemos novas ferramentas como um quarda-chuva e uma lanterna, que expandem bastante as formas com as quais você interage com aquele mundo.

A jogabilidade é bem satisfatória, com comandos precisos e que funcionam bem. Minha única ressalva fica em alguns aspectos do 3D, pois em alguns momentos a movimentação ficou confusa e eu não estava visualizando bem a posição correta da minha personagem para interagir com os cenários. Em perseguições isso ficou problemático, mas nada que estrague a experiência.

Little Nightmares III recebeu um inédito modo cooperativo online no qual os jogadores assumem o papel de Low e Alone para trabalharem em conjunto para sobreviver. Basta convidar o amigo, que precisa estar na mesma plataforma que você, oferecendo uma opção bem interessante para quem gosta de compartilhar experiências em jogos de suspense. Eu, particularmente, não gosto, pois prefiro uma jornada mais introspectiva nesse tipo de jogo, mas opções sempre são bem-vindas. Vale ressaltar que caso inicie uma jornada cooperativa ela deve continuar no modo cooperativo, não é possível alternar entre solo e co-op, você deve ter dois espaços de salvamento separados.

O jogo possui o sistema de Passe de Amigo, no qual é possível chamar um amigo que não possui o jogo para jogar com você o modo cooperativo, o que é uma adição muito boa para expandir o público.

Um mundo denso e com uma atmosfera sombria

Algo que chama a atenção em Little Nightmares III é a intensidade de seu mundo. Os cenários são muito bem detalhados, deixando explícito o quão horrendo é aquele lugar, bem como as criaturas que ali habitam. Você anda o tempo todo com o coração apertado, sem saber o mal que vai te encarar no próximo cenário. Tudo é muito bem apresentado, aumentando muito nossa imersão. A variação de ambientes também é muito boa, deixando a jornada dinâmica.

Todo o som do jogo é impecável, seja nos abraçando com momentos de total silêncio, ruídos que nos deixam cientes de que algo está a nossa espreita ou sons mais contundentes, que deixam claro que a ameaça está próxima ou ciente da nossa presença.

Um pacote audiovisual impressionante, que aumenta muito a qualidade de toda a experiência e nos deixa absorvidos por toda a proposta do início ao fim. O jogo também está localizado para o Português do Brasil, e apesar de não existirem diálogos, é uma boa opção para os menus.

Opinião

Apesar de todo o meu carinho pela franquia Little Nightmares, e também já conhecer bem o bom trabalho da Supermassive Games, pois gosto muito da Coleção The Dark Pictures, fiquei receosa do quanto eles conseguiriam capturar da identidade criada pela Tarsier, e ainda criar algo com o seu próprio estilo. Esse meu medo foi embora já nos primeiros minutos, pois senti que toda a atmosfera estava mantida, mas com um jeito novo de explorar esse universo tão intenso e macabro.

A experiência em Little Nightmares III foi densa e marcante, me deixando por um bom tempo pensando e teorizando sobre tudo aquilo que acompanhei ali. Low e Alone são bons protagonistas, que nos cativam com sua amizade e determinação em fugir daquele lugar horrendo. A Espiral é um mundo sombrio que nos aterroriza a todo momento, nos deixando com o coração apertado acerca de seus perigos e suas criaturas grotescas, que estão ainda mais assustadoras. A jogabilidade funciona bem com a proposta, não nos tirando da imersão com combates excessivos ou quebra-cabeças complexos demais, tudo está na medida certa. Só desejaria uma duração um pouquinho maior, pois gostei de explorar aquele mundo e ficou um gostinho de quero mais.

A franquia ficou em boas mãos, para a alegria de seu fãs.

Little Nightmares III será lançado no dia 10 de outubro com versões para Xbox Series X|S e Xbox One.

Nossa nota para Little Nightmares III
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X|S e PC
Publicado por: Bandai Namco
Desenvolvido por: Supermassive Games
Data de lançamento: 10/10/2025
Opções de compra: Microsoft Store

* O jogo foi cedido gentilmente pela Bandai Namco para a realização desta análise.

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About Author

Administradora de Empresas, mas apaixonada pelo mundo dos games e pelo Xbox!Fã da incrível e complexa franquia Halo e de seu icônico líder, o Master Chief. Também apaixonada por Dragon Age e seu universo magnífico. Ahhh e quem disse que Dark Souls não é divertido? :DSempre ligada nas notícias e novidades do lado verde da força!

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