O Xbox sempre foi um grande lar para indies incríveis, ganhando destaque pelo programa ID@Xbox, que mostrou ao mundo o valor de acreditar em projetos ousados. Com a aquisição de alguns estúdios, surgiram trabalhos menores que demonstraram um enorme potencial, como Grounded, que começou pequeno, mas hoje é um dos grandes sucessos da empresa.
Eis que surge Keeper, um jogo de aventura e resolução de puzzles em que controlamos um farol acompanhado por uma ave como parceira. Será que essa ideia deu certo ou a Double Fine decretou seu próprio fim? Confira nossa análise a seguir.
O poder da criatividade
Keeper é um daqueles projetos que começou desacreditado, até mesmo por mim, que sou fã de jogos indies, mas cuja proposta não me empolgou muito. Controlar um farol com pernas? Isso não faz sentido! Porém, bastou explorar o cenário para quebrar esse pré-conceito. Afinal, eu, que já experimentei de tudo quanto é jogo, acabei torcendo o nariz para algo tão surrealista.
Sim, meus amigos, Keeper me conquistou, e não só isso, sinto orgulho de ter escolhido um dos melhores hobbies/trabalhos do mundo, pois em diversos momentos podemos perceber que os jogos são verdadeiras obras de arte.

Uma história de resiliência
A aventura começa com o encontro da ave e do farol, que precisam se unir para sobreviver. Conforme exploramos os terrenos, vamos descobrindo — ou tentando interpretar — a história, que depende totalmente da nossa percepção. Se você é o tipo de jogador que prefere tudo explicado, talvez esse jogo não seja para você. Apesar de ser um confort game com puzzles e plataformas bem simples, ele é uma experiência artística tão rica que chega a ser difícil descrever sem revelar muitos detalhes.

Todo o trajeto que o farol e a ave percorrem até alcançarem seu destino nos conecta em cada desafio. Keeper é um jogo de superação e aprendizado, mostrando que, mesmo quando tudo parece perdido, a luz ou a vida encontra seu caminho, mesmo com o tempo passando e tudo desmoronando. A história é bem curta, cerca de 5 horas, mas há alguns easter eggs que complementam o entendimento da narrativa.
Ilumine o seu caminho
Um dos maiores triunfos da aventura de Keeper é a mudança repentina de jogabilidade, e digo isso com todo cuidado para não estragar a sua experiência, pois caso tenha fugido dos spoilers, você vai se surpreender com certos aspectos que a Double Fine escondeu muito bem.
A jogabilidade consiste em se movimentar pelo lindo cenário, resolvendo puzzles bem simples e avançando. Assim que acontecem os pontos de mudança, mais coisas são introduzidas no gameplay. O design de fases contribui perfeitamente para isso, se unindo com a sensação que o jogador deve sentir ao executar determinada tarefa.

Um dos erros que, na minha opinião, a Double Fine cometeu foi o excesso de puzzles repetitivos, que acabam tornando a aventura um pouco cansativa em determinados momentos. No entanto, vale a pena persistir, pois tudo muda em seguida, e podemos voltar a nos encantar até os instantes finais, que são verdadeiramente transcendentais.
Uma obra de arte nos detalhes
Keeper é simplesmente uma obra de arte, que deve ser degustada em cada detalhe. A direção de arte fugiu do tradicional e incorporou diversas camadas escondidas, que conforme o jogador vai avançando, descobre mais e mais sobre esse mundo tão diferente.
Até mesmo os personagens que encontramos pelo caminho são únicos, mostrando que a Double Fine se empenhou em trazer muitos detalhes para as diferentes localidades.
As partes finais são intensas e levam o jogador para um estado quase de hipnose, então prepare sua mente, pois a coisa fica muito louca.

A performance apresentou algumas falhas em determinado ponto da aventura, mas isso pode ser corrigido em futuras atualizações.
Os personagens conseguem transmitir emoções intensas, mesmo sem dizer uma única palavra, e sendo um objeto, é ainda mais impressionante como você compreende o sentimento do protagonista. Sem contar o carisma da ave, que se mostra uma amiga extremamente leal.
O som é espetacular e retrata cada sentimento como se fosse uma animação de um estúdio Pixar. Não existem legendas, pois o jogo utiliza diálogos, mas o menus são localizados.
Opinião
Keeper é uma agradável surpresa da Xbox Game Studios, que nos últimos anos tem se concentrado em projetos maiores, limitando a criatividade e a liberdade dos artistas. Por isso, foi incrível ver a ousadia da Double Fine, que mesmo com muitas demissões no grupo, não abriu mão das suas raízes.
A história, mesmo sendo bastante interpretativa, desperta curiosidade no jogador até os últimos momentos, entregando um final mágico e repleto de emoções positivas.
É uma obra de arte mutável que vai te surpreender em todos os aspectos, especialmente no gameplay, que constantemente altera nossa perspectiva. Alguns puzzles poderiam ser menos repetitivos, mas algo que pesa a favor é a tentativa constante de trazer novidades.
Keeper é um dos melhores jogos do ano, um alívio em um mercado dominado pelo medo de inovar, que frequentemente entrega os mesmos tipos de jogos.
Publicado por: Xbox Game Studios
Desenvolvido por: Double Fine Productions
Data de lançamento: 17/10/2025
Opções de compra: Microsoft Store
*O jogo foi acessado via Xbox Game Pass para a realização desta análise.

